Em 2007, Marco Miguéis, agora com 34 anos, seguiu o trajeto da namorada, agora mulher, que já estava na Bélgica, juntando a esse amor a paixão pelo hóquei, ao qual regressou depois de seis anos de 'divórcio', para a estar agora a representar os ‘diabos vermelhos’ na Corunha, Espanha.
“Estive parado muitos anos, fui para uma equipa belga e começou a surgir a ideia de me nacionalizar. Escolhi ter a nacionalidade para poder jogar pela seleção porque é uma oportunidade única. O hóquei é um hobby, trabalho na renovação de interiores numa empresa belga, já o fazia em Portugal”, contou à Lusa o hoquista o natural de Rio Maior, Santarém.
A busca por um campeonato mais competitivo, levou-o a jogar em França, fazendo dois treinos por semana e um jogo ao fim de semana, em viagens de 200 quilómetros entre países, mas Marco Miguéis diz que é “tranquilo conciliar o hóquei e a profissão”, porque “quando se gosta, tudo é possível”.
“Estive seis anos parado, agora vou levar isto para limpar um bocado a alma, estar mais distraído, temos de fazer desporto sempre na vida. Depois dos seniores vou jogar nos veteranos, vou andar a brincar com os meus amigos. Mas parar de vez não vou parar. A competição sim, mas vou sempre brincar. O cheiro do balneário faz sempre falta a um jogador”, brincou.
Miguéis admitiu também que gostava de voltar a Portugal “e fazer um projeto de hóquei” na sua cidade, ao contrário de Nuno Rilhas, de 45 anos, responsável pela gestão de ‘stock’ numa fábrica de pintura acrílica e que não tem “intenções nenhumas de voltar”.
“Se tiver de sair da Bélgica será para outro país. O difícil é sair pela primeira vez, a partir daí começas a conhecer o mundo, há tanta coisa para ver e oportunidades. Portugal é um pais fantástico, com clima espetacular, mas, a partir do momento em que tens outras condições noutro país, passas a ter vida”, explicou o hoquista, federado há já 40 anos, tencionando retirar-se “no Mundial do próximo ano, se o corpo permitir”.
Nuno Rilhas contou que foi “convidado para ajudar a seleção belga, numa altura em que o hóquei está a ir abaixo”, e disse que, “se não for por carolice, daqui a uns tempos voltam os tempos de Europeus com cinco ou seis equipas, ou Espanha, Itália, Portugal e França passam a fazer uma final-four num Europeu”.
O problema da modalidade na Bélgica – explicou Rilhas - passa pela falta de formação e apoio, tanto da federação belga, como do Comité Europeu de Hóquei em Patins para os “pequenos países”, explicando que só se apercebe “destas realidades quando se passam por elas”.
“Venho de Portugal habituado a outras condições, outra federação, outros apoios, reclamamos tudo e recebemos tudo. Aqui não se reclama e não se tem nada. Até lá, vão haver sempre os críticos que para ter os resultados que nós tivemos não viriam. Esses críticos são aqueles que daqui a uns anos estariam a jogar com quatro ou cinco países num Europeu”, referindo-se às goleadas sofridas perante a Itália, Alemanha e Inglaterra.
Sérgio Rita, de 20 anos, nascido na Bélgica, voltou ao país com os pais em 2014, numa altura em que já tinha desistido do hóquei após uma lesão, até que surgiu o convite da seleção belga.
“As goleadas não interessam, queremos é mostrar que a Bélgica tem hóquei em patins. Depois da proposta de jogar o Europeu, recebi a proposta de ir jogar na primeira divisão alemã, no Calenberg, e tenciono agora fazer a minha carreira até não poder mais”, revelou o estudante de publicidade, que não escondeu o sonho de “jogar na primeira divisão de Portugal”.
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