Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre as eleições presidenciais na Venezuela à saída do quartel dos bombeiros de Vila Nova de Tazem, no concelho de Gouveia, no distrito da Guarda, onde se encontra para se inteirar da situação no terreno na sequência dos incêndios de 2017.
"Acompanho, naturalmente, com preocupação tudo o que se passa na Venezuela e, ao mesmo tempo, com solidariedade em relação aos nossos compatriotas que lá vivem", afirmou o Presidente da República.
"Também acompanhei o que se passou nestes últimos tempos, mas entendo que é de bom senso não estar a comentar um ato eleitoral", acrescentou.
Antes, o chefe de Estado referiu que, por princípio, evita "comentar a situação de outros Estados, qualquer que ela seja" e considerou que, no caso da Venezuela, a comunidade portuguesa que lá vive e trabalha é "uma razão muito forte" para essa sua posição.
Marcelo Rebelo de Sousa descreveu-a como "uma comunidade muito numerosa, muito determinada, muito trabalhadora e muito corajosa".
Nicolás Maduro, Presidente da Venezuela desde 2013, foi declarado vencedor das eleições presidenciais de domingo pela autoridade eleitoral venezuelana, com perto de 70% dos votos.
Dois dos quatro candidatos que participaram nas eleições presidenciais antecipadas de domingo, Henri Falcón e Javier Bertuchi, rejeitaram os resultados e pediram a realização de novas eleições.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, considerou hoje "lamentável" a forma como decorreram as eleições presidenciais de domingo na Venezuela, com um "elevado número de irregularidades reportadas", referindo que "tudo isso tinha sido previsto e de tudo isto se tinha avisado as autoridades venezuelanas".
"Nós registamos e lamentamos que as eleições tenham decorrido ontem nas condições que tínhamos previsto, isto é, com uma fraca participação popular", afirmou o ministro.
Santos Silva acrescentou que as eleições se realizaram "num prazo que era injustificado", visto que o novo Presidente só toma posse em 2019, e "em condições de organização que não mereceram o consenso das várias forças concorrentes" e "num quadro institucional caracterizado pela negação sistemática das competências institucionais da Assembleia Nacional".
De acordo com o chefe da diplomacia portuguesa, este tema será "objeto de debate" na reunião da próxima segunda-feira, dia 28, dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, da qual deverá sair "uma reação coletiva" e na qual será avaliado como se poderá "contribuir para que a Venezuela possa resolver a crise política em que vive" e "acudir à situação dramática que os venezuelanos vivem em termos económicos e sociais".
Augusto Santos Silva afirmou, no entanto, que o Governo português não tomará nenhuma atitude que "prejudique os interesses dos portugueses e dos lusodescendente" ali residentes.
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