"Trabalhamos, em média, a 16% da capacidade. Há empresas totalmente paralisadas e sem matéria prima, tanto nacional como importada", disse aos jornalistas o presidente da Câmara Venezuelana de Fabricantes de Auto-partes (Favenpa).
Segundo Omar Bautista, a situação a crise venezuelana tem obrigado as empresas a modificarem os horários de funcionamento, tentando adaptar-se a uma situação que cada vez se agrava mais devido à hiperinflação e à perda de poder aquisitivo da população.
"Algumas empresas funcionam três dias por semana e outras semana sim e semana não", frisou.
Segundo a Favenpa, desde janeiro de 2018 apenas foram montadas 705 viaturas no país de uma média que rondava os 102 mil veículos anuais.
Por outro lado, a Venezuela regista também uma redução 96% nas exportações de algumas auto-peças que eram produzidas localmente e que rondavam os 228 milhões de euros, com o setor a receber apenas entre 3,0 e 3,5 milhões de euros.
Dados da Academia Nacional de Engenharia da Venezuela (ANEV, equivalente à Ordem dos Engenheiros) existem atualmente 4,4 milhões de viaturas na Venezuela, 76% delas propriedade de particulares. Apenas 2% são classificadas como de transporte coletivo de passageiros e 8% de outro tipo de autocarros.
No entanto, segundo o porta-voz da ANEV, Eduardo Páez Pumar, 80% das viaturas destinadas ao transporte público, estão paralisadas devido à falta de peças de reposição e de mecânicos.
Desde 2011 a Venezuela importou mais de 7.000 autocarros Yutong, de fabrico chinês e chegou a criar uma fábrica que montou 300 viaturas, no entanto, segundo Eduardo Páez Pumar, muitas delas estão paralisadas por falta de peças de reposição.
A agravar a situação existe uma grande deterioração das vias rodoviárias do país.
Para ir e regressar do trabalho muitos venezuelanos recorrem às 'perreras' ou 'cachorreiras', cujo nome está inspirado nas viaturas usadas nas séries televisivas norte-americanas e nos caçadores de cães vadios.
Muitos destes camiões não têm teto, alguns deles têm grades laterais e normalmente as pessoas viajam de pé, apertadas umas contra as outras.
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