O social-democrata Ricardo Rio referiu que as “pichagens” na estátua têm ocorrido com “alguma frequência” nos últimos anos porque, desde a sua instalação, que tem sido contestada.
“Embora não sendo consensual, houve a decisão de a instalar, tendo essa partido de uma iniciativa privada que na altura foi autorizada pelo município”, frisou.
Hoje, a estátua do cónego Melo apareceu com as inscrições a vermelho “abril”, “25”, “padre Max” e “assassino”. A estátua situa-se no centro de uma rotunda no Largo de Monte D'Arcos e tem uma altura de 2,7 metros, à qual de juntam os 4 metros de altura do pedestal.
Tal como faz sempre que estas situações acontecem, os serviços da autarquia vão proceder à sua limpeza já na segunda-feira, revelou Ricardo Rio.
De acordo com as imagens que já circulam nas redes sociais, na escultura foram escritas as palavras “assassino”, “abril” e Pª Max”.
A pichagem acontece poucos dias depois de a estátua do Padre Anónio Vieira também ter sido vandalizada em Lisboa.
Atendendo à recorrência destes episódios, o autarca acredita que não é algo que se possa englobar nos protestos no mundo contra o racismo, na sequência da morte do norte-americano George Floyd.
Contudo, assumiu, “uma coisa acaba por estimular a outra”.
Contactada pela Lusa, a PSP de Braga disse não lhe ter sido reportada nenhuma ocorrência referente à estátua, acrescentando que a última situação que lhe foi comunicada foi em 25 de abril.
Por esse motivo, esta força policial acredita que estas “pichagens” são referentes a essa data.
Confrontado com esta informação, Ricardo Rio explicou que recebeu hoje a comunicação de que a estátua havia sido alvo de novas inscrições esta madrugada.
Além disso, contou, é “estranho” esta informação da PSP porque a autarquia, sempre que tem conhecimento destas situações, procede nos dias seguintes à sua limpeza.
“Acho estranho que se reporte a abril porque somos imediatamente alertados quando estas situações acontecem e atuamos em conformidade”, vincou.
Esta semana, a estátua do padre António Vieira, em Lisboa, foi vandalizada.
De acordo com a fonte do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, "houve uma projeção de tinta" vermelha sobre as figuras do padre António Vieira e de três crianças, que compõem o conjunto de esculturas, tendo sido igualmente escrita a palavra "Descoloniza" na base do monumento.
Esta não é a primeira vez que a estátua é vandalizada. Em 2013, no seu pedestal, foram pintadas a vermelho as palavras “fascista”, “assassino” e “padre Max”, tendo ainda sido lançada tinta azul que atingiu a própria estátua. No mesmo ano, uma petição 'online', que reuniu mais de mil assinaturas, rejeitava o monumento.
O Cónego Eduardo Melo, que faleceu em 2008 aos 80 anos, atingiu notoriedade no período mais conturbado do pós-25 de Abril de 1974 ao manifestar-se contra o movimento político comunista.
Na década de 80 do século passado, num processo que se prolongou no tempo, foi acusado de envolvimento na morte do padre Max (Maximino Barbosa de Sousa), um sacerdote e candidato a deputado pela União Democrática Popular, morto em 1976 num atentado à bomba.
Para além dos muros da "cidade dos Arcebispos", ficou conhecido no país, durante o chamado verão quente de 1975, por ter lutado contra o Processo Revolucionário em Curso (PREC).
Neste capítulo, terá tido ligações com o MDLP- Movimento Democrático de Libertação de Portugal, ligado ao então general António de Spínola, cujos membros terá escondido num seminário de Braga, onde foram apanhados pelo Copcon, um organismo do MFA, Movimento das Forças Armadas .
*Com Lusa
[Notícia atualizada às 22h13]
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