“Não faz sentido que Torres Vedras não seja abrangida, porque, se o passe já era caro, a diferença passa a ser colossal”, afirmou à agência Lusa Francisco Mourão, que, para ir trabalhar, paga 165 euros pelo passe combinado nos transportes, “o quádruplo” do passe de 40 euros anunciado para a AML.
Para Mara Garcia, moradora de Torres Vedras a estudar na capital, “a vantagem para quem vive em Lisboa claramente é boa, mas devia abranger outros concelhos” porque “de Torres Vedras, por exemplo, vão centenas de pessoas todos os dias para Lisboa e pagam valores enormes”, disse à Lusa.
Também residente em Torres Vedras e trabalhadora em Lisboa, Joana Santos, contou à Lusa que os utentes que se deslocam diariamente daquele concelho para a capital portuguesa “estão extremamente desagradados com esta situação de haver um passe mais barato para outras freguesias” que se encontram “relativamente à mesma distância de Lisboa”.
“Estamos a juntar pessoas suficientes para uma petição para tentarmos de alguma forma ter, pelo menos, um desconto (…) ou um valor razoável que seja comparável com este novo processo que está a ser feito”, acrescentou.
Francisco Olivença, que vive nas Caldas da Rainha e trabalha em Lisboa, considera os novos passes sociais, previstos para o próximo ano, “uma ótima ideia”, mas ressalva que deveriam abranger o país inteiro, uma vez que paga 190 euros de passe mensal.
No mesmo sentido, Marta, residente em Sobral de Monte Agraço, a poucos quilómetros das áreas limítrofes da AML, acha uma “boa medida”, mas defende que deveria chegar também à sua zona.
Alda Almeida vive em Alenquer, localidade que não pertence à AML, mas que se situa a cerca 10 quilómetros de Castanheira do Ribatejo, já no concelho de Vila Franca de Xira, abrangido pelo passe social único.
A utente paga 154 euros pelo título de transporte, pelo que vai avaliar se lhe compensa ir até à Castanheira “e, depois ali, apanhar outro transporte mais barato”, disse à Lusa.
A Área Metropolitana de Lisboa confirmou que está em conversações com as Comunidades Intermunicipais limítrofes para um acordo que permita reduzir o preço dos passes também para quem se desloca a partir desses concelhos para Lisboa, sendo uma delas a Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCim).
Atualmente, um residente de Arruda dos Vinhos, a 35 quilómetros e 40 minutos da capital, paga 138,50 euros por um passe mensal combinado para Lisboa (autocarro/metro/carris).
De Alenquer ou Sobral de Monte Agraço, a 45 quilómetros ou a 45 minutos de Lisboa, o mesmo passe custa 160,70 euros.
O passe sobe para 165 euros, de Torres Vedras (a 45 minutos ou a 50 quilómetros de Lisboa), para 183,50, da Lourinhã (uma hora ou 70 quilómetros de Lisboa), para 186,50, do Bombarral (uma hora ou 70 quilómetros de Lisboa), ou para 187,50 euros, de Caldas da Rainha (uma hora e 20 minutos ou 90 quilómetros de Lisboa).
A OesteCim integra os municípios de Alenquer, Arruda dos Vinhos, Cadaval, Lourinhã, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras (distrito de Lisboa) e Alcobaça, Bombarral, Caldas da Rainha, Óbidos, Nazaré, Peniche (distrito de Leiria).
Comentários