Em entrevista à agência Lusa, João Niza Ribeiro, coordenador da plataforma, intitulada 'Vet-OncoNet', explicou hoje que esta surgiu da “necessidade de existir um registo o mais sistemático possível da oncologia animal”, designadamente, dos animais de estimação.
"Queremos que esta estrutura recolha dados produzidos nos laboratórios, nas clínicas e nos hospitais veterinários de maneira a existir uma sistematização dos mesmos", frisou.
Desenvolvida pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), a plataforma vai assim permitir compreender a frequência e distribuição destes tumores em todo o país.
“Esta estrutura vai possibilitar saber a quantidade de cancros em território nacional, em que espécies é mais predominante, se está a aumentar e se está mais focado em zonas urbanas ou rurais”, exemplificou João Niza Ribeiro, membro da direção do ISPUP e docente do ICBAS.
Além de auxiliar a compreender a predominância, a plataforma, que foi elaborada sob o conceito ‘One Health’ (‘Uma Saúde’, em português) possibilitara também “estudar fatores de risco associados” à doença, mas também à saúde humana e ambiental.
"Pensamos que uma parte dos fatores que levam ao aparecimento de cancro são ambientais e esses fatores ambientais têm influência quer nos animais quer nos humanos. Há sempre interesse, ao estudar a sobreposição de áreas, perceber que pode haver ali fatores comuns e que, no fundo, os animais possam servir de sentinela", frisou o investigador.
A esta plataforma poderão aceder médicos veterinários, proprietários de animais e laboratórios de diagnóstico veterinário, sendo que cada um terá um espaço próprio no 'site' para submeter a informação recolhida.
"Este pretende ser um projeto em rede e inclusivo e não uma iniciativa fechada. Isto faz mais sentido se houver uma colaboração de todos os atores para uma rede única que possa sistematizar bastantes dados e depois ser útil para todos", referiu.
À Lusa, João Niza Ribeiro adiantou que, posteriormente, a plataforma poderá também, "com outra finalidade", tentar compilar dados sobre animais de produção.
"Nós temos um serviço de inspeção sanitária das carnes, que identifica e retira do consumo numa fase muito precoce todos os animais que não estejam saudáveis. Mas, o que não há, é uma sistematização desse registo, ou melhor, está sistematizado, mas não é tratado. Essa é uma das linhas potenciais que nós temos, isto é, podermos vir a estabelecer algum acordo com a Direção-Geral de Veterinária, no sentirmos de podermos aceder a essa informação", concluiu.
A plataforma Vet-OncoNet vai ser lançada esta sexta-feira, às 10:30, no Salão Nobre do ICBAS.
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