De acordo com o mais recente relatório daquela agência das Nações Unidas, o sul de Angola enfrenta uma crise prolongada de malnutrição, decorrente dos “impactos combinados” da crise económica, da falta de chuva e da “deterioração da qualidade dos serviços básicos”.
O documento, consultado hoje pela Lusa, refere que o acesso à água no sul de Angola “permanece limitado”, com dois terços dos pontos de abastecimento não operacionais, nas áreas afetadas, e mais de 700.000 pessoas a precisarem de água potável”.
Além disso, e embora reconhecendo que a segurança alimentar melhorou recentemente, o mesmo relatório sublinha que “os preços mais elevados restringem o acesso aos alimentos e aumentam o risco de malnutrição para milhares de crianças”.
“Muitas dessas crianças ainda estão enfrentando os impactos do fenómeno do ‘El Niño’, que deixou 756.000 pessoas a precisarem de assistência alimentar”, lê-se.
A prolongada estiagem no sul de Angola afeta essencialmente as províncias do Cuando Cubango, Cunene, Huíla e Namibe.
O Unicef alerta que a presente estação das chuvas, que se prolonga até maio, associada a outros fenómenos, “provavelmente dará origem a doenças transmitidas pela água, particularmente a cólera”.
Em articulação com o Governo angolano, o programa do Unicef para 2018 pretende apoiar até 275.000 crianças com menos de cinco anos que sofrem de malnutrição e 43.000 crianças com idades entre os 6 e os 59 meses em estado de malnutrição severa.
O plano de ação do Unicef, para o qual necessita de doações no valor de 14,6 milhões de dólares (11,7 milhões de euros), prevê ainda ações para levar água potável a 125.000 pessoas e ações de sensibilização sobre cuidados de higiene a 470.000 pessoas, além da vacinação de 15.000 crianças.
Inclui igualmente o apoio aos milhares de refugiados da República Democrática do Congo, sobretudo mulheres e crianças, que permanecem na província angolana da Lunda Norte.
“É necessário um financiamento adequado e previsível para apoiar a resposta nacional, que inclui o tratamento da malnutrição severa, (…) a ampliação das intervenções de resposta à saúde, educação e proteção infantil e a assistência vitalícia às crianças e mulheres refugiadas”, aponta o Unicef.
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