Ontem, José López foi detido em flagrante depois de lançar sacos com todo este dinheiro no jardim do Convento das Freiras Orantes e Penitentes de Nossa Senhora de Fátima. "São 8.982.047 dólares, 153.610 euros, 425 iuanes e 49.800 pesos, mais dois riales do Catar", detalhou o presidente do Banco Província, estatal, Juan Curuchet.
Este episódio aconteceu na madrugada de terça-feira (14), à porta desta casa religiosa de General Rodríguez, 50 km a oeste de Buenos Aires. Além do protagonista, a história envolve duas freiras idosas, que dormiam no local, e um vizinho, que ligou para a Polícia, ao ver um homem que atirava sacos por cima do muro do convento. "Estava meio louco. Dizia: 'vão-me prender'. Perguntei porquê e ele disse: 'porque roubei dinheiro para vir aqui ajudar'", contou à rádio La Red uma religiosa não identificada do convento.
A advogada de López, Fernanda Herrera, confirmou que o seu cliente "está muito mal". "Tem alucinações, ouve vozes, delira". Depois de ser atendido num hospital da região, os médicos descartaram, porém, que ele tenha uma patologia psiquiátrica. "Estava um pouco stressado e hipertenso, mas é só isso. Não detectamos nenhuma patologia", declarou o chefe de plantão, Patricio Diez.
A freira reconheceu López como uma pessoa amiga da instituição, assim como o ex-ministro De Vido. Ambos são muito próximos do arcebispo Rubén Di Monte, conhecido no bairro como o "pároco K" e falecido em abril passado. "É um homem muito bom. Vinha aqui uma vez por ano e ajudava-nos", relatou a religiosa.
Em visita de Estado à Colômbia esta quarta-feira, o presidente argentino, Mauricio Macri, referiu-se à detenção de López como "um episódio vergonhoso, lamentável e incrível". Macri manifestou o desejo de que "a Justiça aja" e de que "isto não fique impune", de acordo com um comunicado divulgado pelo Palácio Cor-de-Rosa.
Depois de o novo governo assumir funções em dezembro de 2015, a Justiça ativou vários processos por suspeita de lavagem de dinheiro e evasão fiscal contra empresários ligados aos ex-presidentes Néstor e Cristina Kirchner (2003-2015). Um deles é Lázaro Báez, de 59 anos, bancário da província patagónica de Santa Cruz, reduto eleitoral do casal Kirchner. Fez fortuna com uma grande quantidade de obras públicas realizadas pelas suas empresas. Está preso desde 5 de abril por desvio de dinheiro para contas na Suíça. As investigações contra Báez e López também descobriram sociedades com pessoas próximas de Macri. Em menos de seis meses de governo, o novo presidente já teve o nome envolvido no escândalo dos "Panama Papers", de evasão fiscal, e está a ser investigado pela Justiça.
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