Em entrevista à Lusa, o Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Francisco André, adiantou que o Governo português, em parceria com o Banco Europeu de Investimento (BEI), decidiu realizar “um mês de diálogo entre países africanos e europeus” sobre o desenvolvimento sustentável e o investimento verde.
Serão, ao todo, 25 conferências virtuais, designadas “Green Talks”, que começam hoje, em Dakar, no Senegal, que irão decorrer até ao dia 23 de abril, dia em que Lisboa irá receber o Fórum Europeu de Investimento Verde UE-África, em formato híbrido, e que “será o culminar deste diálogo” entre ambas as regiões.
“Será um diálogo que vai decorrer durante 30 dias e que nós queremos que seja o mais participado possível”, salientou Francisco André.
Quer isto dizer que o Governo não pretende um diálogo “apenas na base tradicional de contactos entre governantes de países europeus e países africanos”, pelo que estarão também presentes “empresas, atores da sociedade civil, universidades, organizações não-governamentais (ONG), portanto, todos aqueles que sejam representantes da sociedade dos países de ambos os continentes”, destacou.
As conferências virtuais irão decorrer “em várias cidades dos dois continentes”, adiantou o responsável, acrescentando que terão lugar não só nas capitais dos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP), como também “em vários outros países onde há representações, designadamente o BEI”. Do lado europeu, irá decorrer também “em várias capitais que têm maior interesse e preocupação naquilo que é o diálogo político do relacionamento entre a União Europeia e a África”, explicou.
Considerando que, “a par da pandemia, (…) as alterações climáticas são o maior desafio que as sociedades hoje enfrentam”, Francisco André sublinha a importância deste diálogo sobre a transição verde, sobretudo com África, “continente que é especialmente afetado pelos efeitos das alterações climáticas”, apontou.
“Para que esta transição exista, para que, de facto, se combatam as alterações climáticas, é preciso discutir, trabalhar em conjunto e ter uma resposta coordenada”, realçou, acrescentando que “o sucesso [da transição verde] requer uma abordagem conjunta”.
Além disso, o responsável admite que a realização destes eventos também é “muito importante” para Portugal, uma vez que “África é também uma prioridade da presidência portuguesa” do Conselho da UE, “desde sempre”, vincou.
“Nós achamos que esta iniciativa de conseguir manter um diálogo durante 30 dias com países do continente africano é muito positiva, não tem precedentes nos tempos mais recentes e achamos que é um bom exemplo”, destacou, garantindo que o Governo está a trabalhar para que a mesma “venha a ter todo o sucesso”.
Questionado sobre se há alguns avanços quanto à realização da Cimeira entre a UE e a União Africana, cuja data ainda não está definida, apesar do interesse manifestado pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, Francisco André reiterou o desejo de Portugal de que esta cimeira tenha lugar “tão rápido quanto possível”.
Embora a convocação dessa cimeira não seja da competência da presidência portuguesa do Conselho da UE, mas do Conselho Europeu, o Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros considerou que as conferências virtuais, que hoje se iniciam, e o Fórum de Investimento Verde UE-África, que decorre em abril, são já uma iniciativa portuguesa que permitirá “manter bem vivo este diálogo” com os parceiros africanos
“Nós acreditamos que [estes eventos] são importantes para o diálogo entre os dois continentes e que irão também ajudar a robustecer e a contribuir para a agenda dessa cimeira, quando ela tiver lugar”, frisou, por fim.
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