"Estamos contigo, Volodomyr, e vamos continuar no futuro", afirma António Costa, que deixa claro que a União Europeia (UE) continua empenhada em garantir que a Ucrânia se "torne num membro da UE". O objetivo deste encontre de líderes europeus em Bruxelas é "tomar as melhores decisões para a Ucrânia", continua o presidente do Conselho Europeu.

A reunião de líderes europeus esta quinta-feira surge depois da notícia dos Estados Unidos suspenderem a ajuda militar e o contacto com Kiev. Este é o segundo encontro europeu depois da reunião explosiva da semana passada entre o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, e o seu homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, na qual este último repreendeu publicamente o primeiro e o chamou de ingrato.

Já em Londres, os líderes europeus mantiveram-se do lado "da paz". Hoje, Úrsula Von der Leyen voltou a referir que considera "importante que a Europa e a Ucrânia sejam capazes de se auto-defenderem para encontrar uma paz justa e duradoura".

A conversa catastrófica entre Zelensky e Trump galvanizou a decisão de Washington de suspender a ajuda militar à Ucrânia, um gesto que deixou os europeus diante da urgência de definir uma resposta conjunta.

No final da cimeira em Bruzelas, Zelensky ressalvou a importância de trazer a discussão para a Europa, agradeceu boa a receção dos parceiros europeus, que definiu como "fortes sinais de apoio à Ucrânia nas últimas semanas".

Também António Costa descreveu o encontro como uma "prova de que a UE vai estar ao lado da Ucrânia o tempo que for necessário". A reunião é vista como uma tentativa de mostrar uma frente unida e criar um plano para rearmar a Europa com a mobilização de um enorme volume de recursos.

A presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, calcula que o plano poderia utilizar até 800 bilhões de euros (4,97 trilhões de euros) para o rearmamento, mas sem um prazo definido.

Uma parte crucial do plano é flexibilizar as normas fiscais da UE, que limitam o gasto público, para que os países possam investir mais em defesa.

Ucrânia na Europa: a reação dos líderes

Na carta de convite, António Costa alertou para o facto de a Europa estar a enfrentar uma situação cuja gravidade é de "uma escala que nenhum de nós viu na nossa vida adulta".

O cenário mudou radicalmente depois que Trump voltar ao poder em janeiro e iniciar conversas diretas com a Rússia sobre o fim do conflito entre ucranianos e russos. Além disso, depois da discussão com Zelensky, os Estados Unidos recusaram o contacto tanto com os próprios ucranianos, como com os europeus, que agora procuram um lugar na mesa de negociações.

Por sua vez, os europeus temem que os contactos entre Trump e Putin acabem por forçar os ucranianos a fazer concessões territoriais como forma de encerrar o conflito. Numa mensagem à nação na quarta-feira, o presidente da França, Emmanuel Macron, disse que os franceses estão "legitimamente preocupados" com o início de "uma nova era" devido à mudança de postura em Washington.

Na reunião de emergência com Zelensky e líderes europeus em Londres, no domingo passado, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, sugeriu a formação de uma "aliança de entusiastas" para elaborar um plano de paz que deve ser apresentado ao governo dos Estados Unidos.

Macron propôs também na quarta-feira o envio de tropas à Ucrânia para um acordo de paz. Acrescentou que está disposto a "abrir o debate estratégico" sobre a proteção do continente com a ajuda do guarda-chuva nuclear francês.

*Com AFP