Exatamente uma semana depois de escapar de uma tentativa de assassínio a tiro durante um comício na Pensilvânia, Trump realiza um ato político em Grand Rapids, no estado de Michigan.
Acompanhado de J.D. Vance, senador de 39 anos que escolheu para seu companheiro, Trump aparece perante o público neste estado onde venceu em 2016 e perdeu nas presidenciais de 2020.
Todos os olhares estarão voltados para o dispositivo de segurança, devido a várias interrogações sobre as falhas do último ato.
Este novo evento eleitoral é realizado num estádio polidesportivo fechado com capacidade para 12.000 pessoas, um local com segurança mais fácil de assegurar do que um espaço aberto.
Uma multidão de ativistas está no local, muitos vestindo camisolas com a imagem do ex-presidente após o atentado frustrado, com a orelha a sangrar e o punho levantado.
"O que presenciámos no sábado passado foi um milagre", disse à AFP Edward Young, de 64 anos, que já participou de 81 atos pró-Trump.
No local, Sherri Bonoite, de 75 anos, participava no seu primeiro ato eleitoral como partidária de Trump. "Até mesmo um tiro a toda a velocidade não consegue detê-lo. É o que o país precisa", opinou.
Mas nem todos comemoravam a presença triunfante de Trump em Michigan.
"Só posso imaginar que vão tentar reescrever a história e fingir que se preocupam com os trabalhadores", disse, este sábado, Debbie Stabenow, senadora democrata pelo estado.
A outra face da moeda
Biden, por outro lado, continuará a recuperar da covid-19 na sua residência particular em Delaware, no leste do país.
Aos 81 anos, o presidente veterano é alvo de múltiplos apelos dentro do Partido Democrata para que abandone a corrida devido a dúvidas sobre as suas capacidades cognitivas e a sua saúde física.
Segundo o jornal The Washington Post, perdeu até mesmo o apoio de Barack Obama, que também acredita que Biden deveria "considerar seriamente a viabilidade da sua candidatura", segundo pessoas próximas do ex-presidente (2009-2017).
Cerca de 20 legisladores democratas já fizeram o mesmo pedido publicamente e alguns querem realizar uma convenção partidária aberta para escolher um substituto.
União de republicanos
Uma saída de Biden da corrida poderia desestabilizar os republicanos, que seriam forçados a rever a sua estratégia eleitoral, amplamente detalhada durante os quatro dias da convenção realizada esta semana em Milwaukee.
Até agora, o estado de saúde de Biden é o eixo central da campanha republicana e multiplicam-se as peças de propaganda eleitoral com um Biden que comete gafes, gagueja e tropeça.
Aos 78 anos, Trump criticou Biden pelo seu estado de saúde na quinta-feira, durante o seu discurso na convenção em que foi oficialmente ratificado como candidato.
Argumentos que poderiam virar-se contra ele mesmo caso a atual vice-presidente, Kamala Harris, de 59 anos, se torne sua adversária.
O eixo da campanha "não vai mudar fundamentalmente", disse Jason Miller, assessor próximo de Trump, em entrevista à AFP.
"Biden, Kamala Harris ou outro democrata de esquerda radical, todos são responsáveis pela destruição da nossa economia", disse Miller, destacando também o que os republicanos consideram uma "crise" devido à migração irregular através da fronteira com o México.
Essas foram as questões centrais abordadas por Trump numa convenção que se revelou um grande sucesso para o líder da direita americana.
Hoje, Donald Trump está com sorte e saboreia os reveses dos democratas. Não apenas sobreviveu a uma tentativa de assassínio em 13 de julho, mas o processo contra ele por suposta gestão indevida de documentos confidenciais após deixar a Casa Branca em janeiro de 2021 foi arquivado.
A sua imagem após o atentado, com parte do rosto ensanguentado e o punho erguido enquanto era retirado do local por agentes do Serviço Secreto, percorreu o mundo e reforçou a sua figura de homem forte.
Além disso, Trump obteve esta semana o apoio dos líderes do partido, incluindo dos seus ex-rivais internos.
As eleições presidenciais nos Estados Unidos acontecem a 5 de novembro.
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