As polémicas declarações de Trump ocorreram durante uma longa presença perante a imprensa, na qual reagia com entusiasmo à queda inesperada do índice de desemprego para 13,3% em maio, em comparação com os 14,7% de abril, segundo indicou hoje o Departamento do Trabalho.
“O que aconteceu ao nosso país é a melhor coisa que poderia acontecer para as relações racionais, para os afro-americanos. Espero que o George esteja a olhar para nós lá de cima e a dizer que isto é algo ótimo para o país. É um ótimo dia para ele, um ótimo dia para todos”, afirmou Trump.
Trump usou um tom de celebração, apesar dos dados de desemprego entre afro-americanos registados em maio serem piores do que em abril, de acordo com o relatório, tendo passado para 16,8%, a maior taxa desde 1984, enquanto a dos latinos caiu um pouco, mas continua alta, com 17,6%.
O Presidente norte-americano disse ainda que o seu plano para lidar com o racismo sistémico no país é “ter a economia mais forte do mundo”, depois de ser acusado por não responder às denúncias dos manifestantes que passam pelo racismo, brutalidade policial e desigualdades sociais.
Ainda hoje, voltou a insistir que “ninguém fez mais pela comunidade negra” do que ele, mas evitou qualquer expressão de solidariedade para com os manifestantes, agora já pacíficos, que inundaram as ruas do país e pediu novamente uma mão pesada perante os protestos.
“Não sejam orgulhosos, chamem a Guarda Nacional, dominem as ruas. Não podem deixar que isso aconteça em Nova Iorque, com pessoas a saquear as lojas. No Minnesota acabaram com o problema numa noite e Minneapolis estava sitiada”, continuou.
Desde a morte de George Floyd, a 25 de maio, e aos protestos que se seguiram, inicialmente marcados por pilhagens e distúrbios em muitas cidades americanas, Donald Trump favoreceu uma resposta marcial.
Essa postura rendeu-lhe críticas sem precedentes de ex-líderes do exército, incluindo o ex-secretário de Estado da Defesa, Jim Mattis, tal como o atual chefe do Pentágono, Mark Esper, que também se distanciou da ideia de enviar o exército.
Na quinta-feira, Trump partilhou no Twitter uma carta que dizia que os manifestantes no centro de Washington, na passada segunda-feira, “eram terroristas” e voltou a reduzir os protestos pacíficos a episódios isolados de pilhagens ou distúrbios, que foram registados em poucas ocasiões.
George Floyd, um afro-americano de 46 anos, morreu em 25 de maio, em Minneapolis (Minnesota), depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos numa operação de detenção, apesar de Floyd dizer que não conseguia respirar.
Desde a divulgação das imagens nas redes sociais, têm-se sucedido os protestos contra a violência policial e o racismo em dezenas de cidades norte-americanas, algumas das quais foram palco de atos de pilhagem.
Pelo menos 10 mil pessoas foram detidas desde o início dos protestos, e as autoridades impuseram recolher obrigatório em várias cidades, incluindo Washington e Nova Iorque, enquanto o Presidente norte-americano, Donald Trump, já ameaçou mobilizar os militares para pôr fim aos distúrbios nas ruas.
Os quatro polícias envolvidos foram despedidos, e o agente Derek Chauvin, que colocou o joelho no pescoço de Floyd, foi acusado de homicídio em segundo grau, arriscando uma pena máxima de 40 anos de prisão.
Os restantes vão responder por auxílio e cumplicidade de homicídio em segundo grau e por homicídio involuntário.
A morte de Floyd ocorreu durante a sua detenção por suspeita de ter usado uma nota falsa de 20 dólares (18 euros) numa loja.
Comentários