A região de Trás-os-Montes deu hoje o primeiro passo para a elaboração de um plano de combate à seca que junta entidades locais e Governo na procura de soluções.

Os secretário de Estado da Agricultura e do Ambiente reuniram-se, em Alfândega da Fé, no distrito de Bragança, com autarcas e entidades locais para “lançar as bases do Plano de Eficiência Hídrica para Trás-os-Montes”.

“Temos mais água do que tínhamos no ano passado, mas temos de nos preocupar com este recurso e olhar para o futuro”, afirmou o secretário do Estado do Ambiente, Hugo Pires, indicando que municípios e Governo irão “desenhar as soluções que deem mais resiliência a este território”.

Segundo disse, o plano deverá contemplar regadio, barragens, novas charcas e agregação de municípios a sistemas que existem para abastecimento humano.

O plano para mitigar os efeitos da seca começou a ser discutido numa altura em que a região transmontana não tem “nenhum problema de abastecimento de água”, ao contrário do que aconteceu no ano passado.

“Temos a água garantida”, afiançou, apontando como exemplo uma barragem que no ano passado estava “a 13%, este ano está a 80%”.

Mais crítica é a situação no setor agrícola com a falta de pastagens para animais, o que já levou a Confederação Nacional de Agricultura (CNA) a reclamar a declaração de seca extrema para a região de Trás-os-Montes, para que os agricultores possam ser apoiados.

O secretário de Estado da Agricultura, Gonçalo Rodrigues, afirmou que o Governo está “a fazer o acompanhamento climático da região” para se poder pronunciar relativamente à declaração de seca regional.

“Assim que o podermos fazer, será feito e serão determinadas as medidas necessárias para que os agricultores da região possam ser apoiados para tentar minimizar os impactos desta questão”, disse, esclarecendo que será necessário “aguardar dois meses de seca contínua regional”, de acordo com as orientações europeias.

O presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) Terras de Trás-os-Montes, Jorge Fidalgo, defendeu que os agricultores têm razão de queixa e acompanhou a reivindicação de ajudas.

Embora tenha corroborado que o consumo humano está garantido este ano, Jorge Fidalgo não descarta a necessidade de serem tomadas medidas municipais de contingência como as que pretende adotar no concelho onde é presidente, Vimioso, no distrito de Bragança.

Entre essas medidas estão “dizer às pessoas que há determinados consumos que não podem ser efetuados, nomeadamente as regas, algumas lavagens, ou seja a água deve ser usada exclusivamente para o consumo humano”.

A CIM Terras de Trás-os-Montes encomendou a uma empresa um estudo sobre o potencial hidroagrícola da região, que o presidente espera venha a ser entregue “ainda durante o verão”.

Jorge Fidalgo espera também que “as medidas que [o estudo] vier a preconizar possam ter financiamento e que possam contribuir para este plano” de combate à seca, que irá ser desenhado entre os municípios e o Governo.