Os trabalhadores da empresa de circuitos turísticos agendaram uma greve para os dias 23, 24, 25 deste mês e 01 de janeiro, como forma de exigirem ao Governo a reposição das verbas retiradas dos seus salários desde fevereiro deste ano.
Manuel Leal, um dos representantes dos trabalhadores, adiantou à Lusa que os condutores da Carristur estão “há um ano a ser roubados em parte dos seus salários”, com a maioria a auferir ordenados abaixo dos 600 euros.
“Em dezembro de 2015, foi negociado um aumento de salários para 630 euros, mas apenas foi pago em janeiro de 2016, passando depois os trabalhadores a receber apenas 560”, denunciou Manuel Leal.
Os trabalhadores protestam contra a redução de salários implementada desde fevereiro deste ano, quando foi suspenso o contrato coletivo de trabalho do setor privado de passageiros que as sucessivas administrações sempre disseram que se aplicava na empresa.
Segundo o representante dos trabalhadores, a administração da empresa foi dizendo ao longo do ano que estava “completamente de acordo com a aplicação do contrato coletivo de trabalho” e que “até tinha contas feitas e que pode alojar mais esta despesa com os trabalhadores”.
Manuel Leal referiu que da parte do Governo e do Ministério do Ambiente tiveram “exatamente a mesma resposta”, estando ambos de acordo com a aplicação do contrato.
Porém, passado um ano, os trabalhadores da Carristur vão passar mais um Natal “em que o salário lhes está a ser roubado, dado que a atualização ainda não foi feita”.
“O argumento do Ministério das Finanças é de que há dificuldades na aplicação, não se percebe como a empresa teve lucros e está de acordo com a aplicação e há apenas um ministério que impede essa mesma aplicação”, acusou Manuel Leal.
O secretário-geral da central sindical CGTP-IN, Arménio Carlos, esteve em sinal de solidariedade junto aos trabalhadores da Carristur que estiveram concentrados na Praça da Figueira, em Lisboa, avançando que se está perante uma “violação grosseira da contratação coletiva”.
“A Carristur foi uma empresa criada dentro da Carris, supostamente, e anteriormente dizia que não podia aplicar o acordo da empresa porque não queria. Depois não podia aplicar outros salários porque dizia que o contrato privado de passageiros estava bloqueado. Entretanto foi desbloqueado”, começou por explicar Arménio Carlos.
Segundo o sindicalista, a Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (FECTRANS) subscreveu um acordo com a associação patronal que resultou num aumento dos salários em cerca 60 euros, depois de 12 anos sem negociação.
“ Não podemos aceitar, por um lado, que o ministro do Ambiente diga que temos razão e, por outro, que o do Trabalho reconheça que é uma violação da lei que não pode permanecer, e depois tenhamos no mesmo Governo o ministro das Finanças dizer que não se pode aplicar o aumento dos salários dos trabalhadores. Então não se aplica a contratação coletiva aplica-se a relação individual de trabalho, estamos a violar a lei”, frisou Arménio Carlos.
A Carristur é uma operadora de circuitos turísticos em autocarros panorâmicos, tem cerca de 130 motoristas e exerce a atividade em Lisboa, Porto, Funchal, Coimbra, Braga e Guimarães.
Além dos autocarros turísticos panorâmicos, a Carristur tem um serviço de transporte do aeroporto de Lisboa para o Cais do Sodré, os elevadores turísticos e faz também serviços na placa do aeroporto, nomeadamente o transporte dos passageiros no aeroporto e o serviço de ligação entre o terminal 1 e o terminal 2.
A Lusa tentou contactar a administração da empresa, o que não foi possível até ao início da tarde.
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