O chefe da delegação governamental, Bashar al Jaafari, chegou na manhã deste domingo a Genebra para a nova sessão de negociações, que terá lugar durante quase duas semanas no Palácio das Nações Unidas. O seu colega da oposição, Mohammed Alluche, e os outros membros do Alto Comité de Negociações (ACN) chegaram no sábado à cidade suíça. O secretário de Estado americano John Kerry, que se encontra em Paris, advertiu o regime sírio e os seus aliados contra qualquer violação dos seus compromissos de trégua e ajuda humanitária na Síria. "Todas as partes devem respeitar o cessar das hostilidades, cooperar na ajuda humanitária e respeitar o processo de negociações para chegar a uma transição política" afirmou em conferência de imprensa.
Kerry também afirmou que 600 combatentes do grupo Estado Islâmico foram mortos na Síria nas últimas três semanas. "Na Síria, nas últimas três semanas, o Daesh perdeu 3.000 km2 e 600 combatentes", afirmou Kerry, usando o nome em árabe do Estado Islâmico.
Esta nova sessão começa num ambiante diferente da anterior, no final de janeiro, quando a ONU nem sequer conseguir dar início às conversações. Uma trégua patrocinada pelos Estados Unidos e pela Rússia, e que entrou em vigor no dia 27 de janeiro, está a ser respeitada, apesar de algumas violações. Isso permitiu que a ONU entregasse ajuda humanitária a cerca de 250.000 pessoas bloqueadas em zonas sitiadas.
Os temas em cima da mesa: governo, constituição, eleições. E Assad.
Este ciclo de negoções patrocinado pela ONU estará centrado na formação de um governo que inclua todas as tendências, a redação de uma Constituição e a organização de eleições presidenciais e parlamentares. Segundo o enviado da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, o objetivo é organizar essas eleições daqui a 18 meses.
No entanto, alguns analistas acham que esta agenda não é realista, pois acreditam que o presidente Bashar Al-Assad não vai querer deixar o poder, como exige a oposição. Damasco assinalou no sábado que o futuro do presidente sírio, Bashar al-Assad, continua a ser uma "linha vermelha" e que não irá discutir este tema com a oposição, nem com o enviado da ONU. "Não negociaremos com ninguém que queira discutir a presidência. Bashar al-Assad é uma linha vermelha, e se eles querem manter essa posição, é melhor não irem a Genebra", advertiu o ministro sírio, Walid Muallem, referindo-se à oposição.
O enviado das Nações Unidas, Staffan de Mistura, "não tem o direito" de falar sobre as futuras eleições presidenciais na Síria, afirmou Muallem. "Isso é responsabilidade exclusiva do povo sírio", frisou à imprensa. Muallem falou em formar um "governo de união", que designe uma comissão para redigir uma nova Constituição ou apresentar emendas à atual. "Em seguida", acrescentou, "haverá um referendo, para que o povo sírio decida". Desde as primeiras negociações, que fracassaram em 2014, o principal obstáculo tem sido o futuro de Al-Assad. O presidente recusa deixar o poder, apesar dos cinco anos de guerra. As conversas acontecerão em salas separadas com representantes do governo e da oposição.
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