
Vários demógrafos chineses citados pelo Global Times, jornal oficial do Partido Comunista, preveem que o número de nascimentos se fixe em 15 milhões, menos dois milhões do que em 2017.
O Gabinete Nacional de Estatísticas chinês deve publicar a cifra oficial no final deste mês, mas dados difundidos pelos governos locais apontam para um número muito aquém dos 20 milhões de nascimentos previstos pelas autoridades de planeamento familiar.
A China, nação mais populosa do mundo com cerca de 1.400 milhões de habitantes, aboliu a 01 de janeiro de 2016 a política de “um casal, um filho”, pondo fim a um rígido controlo da natalidade que durava desde 1980. Pelas contas do Governo, sem aquela política, a China teria hoje quase 1.700 milhões.
Em 2016, o primeiro ano desde a abolição da política de filho único, o número de nascimentos aumentou, de 16,55 milhões, no ano anterior, para 17,86 milhões.
Desde então, a taxa de natalidade caiu sucessivamente, apesar de Pequim ter deixado de promover abortos forçados e multas, e aberto novas creches, passando a oferecer incentivos à natalidade.
Em 2017, o número total de nascimentos fixou-se em 17,23 milhões, menos 630.000 do que no ano anterior.
Segundo especialistas, a queda deve-se sobretudo à redução no número de mulheres em idade fértil, um grupo que perde entre cinco e seis milhões de pessoas por ano, e aos altos custos e falta de tempo para criar uma criança.
Nos primeiros onze meses do ano, na cidade de Liaocheng, província de Shandong, houve apenas 64.753 nascimentos, uma queda de 26%, face ao mesmo período de 2017, segundo o jornal local Dazhong Daily.
Em Qingdao, outra cidade de Shandong, os nascimentos registaram uma queda homóloga de 21%, entre janeiro e novembro, para 81.112, segundo dados divulgados pelas autoridades locais.
Ren Zeping, economista chefe no promotor imobiliário Evergrande Group, escreveu numa nota publicada esta semana que a China está a caminhar no sentido de uma “crise demográfica”.
“A China deve imediatamente encorajar as pessoas a terem filhos”, escreveu.
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