"Não conheço ainda o plano. Em todo o caso, com os elementos que foram tornados públicos, estaremos, infelizmente, mais próximos de um plano de abdicação do que de um plano de reestruturação", declarou João Ferreira aos jornalistas, no final de uma visita de cerca de duas horas à Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas de Portugal (Confagri), em Lisboa.
Em relação à TAP, o candidato presidencial apoiado por PCP e PEV defendeu que "aquilo que tem de prevalecer sobre as imposições nomeadamente vindas de Bruxelas tem de ser uma defesa do interesse nacional e do lugar que uma companhia aérea de bandeira ocupa na defesa desse interesse nacional".
"Isso não se faz destruindo da forma que foi tornada pública postos de trabalho e capacidade da empresa. Ela tem de existir para cumprir, desde logo, aquilo que são as suas missões de interesse pública num país que reparte o seu território entre uma parte continental e várias ilhas e que tem comunidades emigrantes espalhadas pelos quatro cantos do mundo", acrescentou João Ferreira.
Segundo o membro da Comissão Política do PCP, eurodeputado e vereador da oposição na Câmara Municipal de Lisboa, é "indispensável a existência de uma companhia aérea de bandeira com as características da TAP", e para isso "ela tem de ter a dimensão adequada e necessária".
"Enfim, esperemos para conhecer o plano, mas parece ser mais um plano de abdicação do que de recuperação da empresa", reiterou.
Na sede da Confagri, João Ferreira teve uma reunião à porta fechada de uma hora e meia e depois fez uma curta visita às instalações, acompanhado pelo secretário-geral desta confederação, Francisco Silva.
"O objetivo foi, sobretudo, aprofundar e atualizar o conhecimento sobre a realidade sobre a qual a Confagri intervém. A Constituição acolhe o papel das cooperativas, dispõe que o Estado deve apoiar e estimular estas cooperativas, reconhece o seu papel no domínio da política agrícola e noutros", justificou.
O candidato às eleições presidenciais de 24 de janeiro de 2020 sustentou que o Presidente da República "tem de ter uma atenção e uma sensibilidade especiais para com esta realidade, e tem de a ter em conta na sua intervenção".
O Governo reuniu-se em Conselho de Ministros extraordinário na terça-feira à noite para apreciar o plano de reestruturação da TAP.
A apresentação deste plano à Comissão Europeia até quinta-feira é uma exigência da Comissão Europeia, no quadro da concessão de um empréstimo do Estado de até 1.200 milhões de euros à TAP para fazer face às dificuldades da companhia decorrentes do impacto da pandemia de covid-19 no setor da aviação.
De acordo com sindicatos, o plano prevê o despedimento de 500 pilotos e 750 trabalhadores de terra, assim como a redução de 25% dos seus salários.
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