A informação foi dada à agência Lusa pelo seu advogado, Ricardo Sá Fernandes, e junta-se à intenção de pedir a instrução já revelada pelo ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes.
No processo do roubo e da encenação da recuperação das armas, Vasco Brazão está acusado de associação criminosa, tráfico e mediação de armas, falsificação ou contrafação de documentos, denegação de justiça e prevaricação e de favorecimento pessoal praticado por funcionário.
Vasco Brazão, que chegou a estar detido preventivamente, é o autor da expressão “papagaio-mor” utilizada numa conversa com a irmã.
“Vais ver que o papagaio-mor não vai falar sobre Tancos tão cedo. O papagaio (...) do Reino não vai falar sobre Tancos tão cedo. Pois, porque eles sabem, aliás o Sá Fernandes já fez chegar a Presidência que eu tenho um e-mail que os compromete. Portanto, eles não vão falar sobre Tancos tão cedo. (...) E quando for o julgamento isto vai rebentar. (...)”, lê-se na transcrição do telefonema que consta no despacho na acusação do Ministério Público.
Em 2017, Vasco Brazão era investigador-chefe da PJM e foi um dos militares que esteve contra o furto dos paióis de Tancos ser investigado pela Polícia Judiciária (PJ).
Em julho de 2017, por ordem do então diretor da PJM, Luís Vieira, também arguido no processo, passou a integrar a equipa de investigação da PJM, que coadjuvava a PJ.
Consideram os procuradores do MP que o major fez parte do grupo de arguidos que planeou a encenação da recuperação do armamento, em outubro de 2018.
A instrução é uma fase processual facultativa na qual um juiz avalia se há indícios suficientes para levar os arguidos a julgamento.
O Ministério Público (MP) acusou hoje 23 pessoas, entre elas o ex-ministro da Defesa José Azeredo Lopes no caso de Tancos.
Os arguidos são acusados de terrorismo, associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, abuso de poder, recetação e detenção de arma proibida.
O caso abalou as forças armadas, levou à demissão de Azeredo Lopes em 2018 e a polémica em torno do furto, tornado público pelo Exército em 29 de junho de 2017 com a indicação de que ocorrera no dia anterior, subiu de tom depois da, aparente, recuperação do material na região da Chamusca, no distrito de Santarém, em outubro de 2017, numa operação da Polícia Judiciária Militar (PJM).
Nove dos 23 arguidos são acusados de planear e executar o furto do material militar dos paióis nacionais e os restantes 14, entre eles o ex-ministro, da encenação que esteve na base da recuperação do equipamento.
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