“Graças às nossas ações, o povo taiwanês resistiu com sucesso aos esforços das forças externas para influenciar estas eleições”, declarou William Lai aos seus apoiantes, vincando que apenas a população do território “tem o direito de escolher o seu Presidente”.
No seu discurso de vitória, o candidato do Partido Democrático Progressista (DPP), no poder, saudou o eleitorado por abrir "um novo capítulo na democracia" da ilha, apesar das ameaças de Pequim.
“Quero agradecer ao povo de Taiwan por escrever um novo capítulo na nossa democracia”, declarou William Lai, acrescentando: “Estamos a dizer à comunidade internacional que entre a democracia e o autoritarismo, estaremos do lado da democracia”.
O Presidente eleito prometeu “proteger Taiwan das contínuas ameaças e intimidações da China”, mas também “manter o intercâmbio e a cooperação” com Pequim.
William Lai Ching-te, que era o candidato favorito segundo as sondagens, venceu as eleições presidenciais com 40,2% dos votos, de acordo com os resultados oficiais provisórios correspondentes a 98% do apuramento das mesas.
O candidato do Kuomintang (KMT), principal partido da oposição em Taiwan, Hou Yuh-ih, que defende a aproximação com a China, já reconheceu a derrota.
“Respeito a decisão final do povo taiwanês (…) Felicito Lai Ching-te e Hsiao Bi-khim [parceira de candidatura presidencial] pela sua eleição, esperando que não desapontem as expectativas do povo taiwanês”, declarou Hou Yuh-ih, que seguia em segundo lugar na contagem, com 33% dos votos, segundo dados da Comissão Eleitoral Central, junto dos seus apoiantes.
De acordo com o jornal Taipei Times, o candidato do Partido Popular de Taiwan (TPP), Ko Wen Je, com 26%, também já concedeu a derrota para William Lai Ching-te, que será o o sucessor do Presidente cessante, Tsai Ing Wen, também do DPP, considerado o partido mais distante das posições de Pequim.
William Lai Ching-te, atual vice-Presidente cessante, de 64 anos, foi descrito por Pequim como um “sério perigo” devido às posições do seu partido, que afirma que a ilha é de facto independente.
Os taiwaneses também votaram para a renovação dos 113 assentos no parlamento, onde o DPP poderá perder a maioria.
As urnas fecharam às 16:00 locais (08:00 em Lisboa) neste território de 23 milhões de habitantes localizado a 180 quilómetros da costa chinesa e aclamado como modelo de democracia na Ásia.
A China considera Taiwan uma das suas províncias, que ainda não conseguiu reunificar com o resto do seu território desde o fim da guerra civil chinesa, em 1949.
Pequim diz ser a favor de uma reunificação pacífica com a ilha, onde os cerca de 23 milhões de habitantes são governados por um sistema democrático, mas nunca renunciou ao uso da força militar.
Durante toda a semana passada, Pequim aumentou a sua pressão diplomática e militar. Na quinta-feira, cinco balões chineses cruzaram a linha mediana que separa a ilha autónoma da China, segundo o Ministério da Defesa de Taiwan, que também avistou dez aviões e seis navios de guerra.
Pequim apelou para que os eleitores fizessem “a escolha certa” e o Exército chinês prometeu “esmagar” qualquer desejo de independência.
O estatuto de Taiwan é também um dos assuntos mais tensos na rivalidade entre a China e os Estados Unidos, o principal aliado militar do território, e Washington planeia enviar uma “delegação informal” à ilha após a votação.
Na sexta-feira, o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, reuniu-se em Washington com Liu Jianchao, chefe da divisão internacional do Comité Central do Partido Comunista Chinês, e destacou a importância de “manter a paz e a estabilidade através do Estreito de Taiwan”.
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