"A ideia de que usamos apenas 10% do cérebro foi popularizada por filmes e pseudociência, mas a neurociência moderna, através de múltiplos métodos de investigação (particularmente de imagem cerebral) mostra que todas as partes do cérebro têm uma função específica e são ativadas em função da necessidade", começa por explicar ao SAPO24 Filipe Palavra, neurologista e vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Neurologia.

"Mesmo durante o sono, o cérebro continua ativo, regulando funções corporais e processando informações". Portanto, "a afirmação de que usamos apenas uma parte do cérebro é falsa. Utilizamos 100% do cérebro, embora não todas as áreas ao mesmo tempo".

"O cérebro tem várias regiões anatómicas, que se dedicam a processar diferentes tipos de informação. Ainda assim, tal não é absolutamente estanque, pois existe alguma plasticidade que faz com que, havendo alguma lesão, outras áreas cerebrais possam assumir as tarefas das áreas lesadas", adianta o médico.

"A título de exemplo (e de forma muito simples), poderemos dizer que o córtex pré-frontal se dedica ao planeamento e tomada de decisões, o córtex sensitivo-motor ao processamento da sensibilidade e a gerar movimento voluntário, o córtex do lobo parietal à orientação espacial, o lobo temporal à memória e ao processamento auditivo, o córtex occipital ao processamento da informação visual, o cerebelo à coordenação e ao equilíbrio e o tronco cerebral ao controlo das funções automáticas, como respirar e manter o ritmo cardíaco", enumera.

Feitas as contas, "a mensagem mais relevante é a de que todas as áreas do cérebro trabalham juntas para garantir um correto desempenho diário. O cérebro nunca se 'desliga' completamente".