Os manifestantes começaram a reunir-se ao final da manhã junto ao edifício da câmara municipal, no distrito de Lisboa, percorrendo depois cerca de um quilómetro até ao Palácio Valenças, onde o presidente da autarquia, Basílio Horta, eleito pelo PS, se encontrava reunido com a reitora da Universidade Católica.
Em declarações aos jornalistas, Inês Henriques, da Associação Nacional de Condutores de Animação Turística e Animadores Turísticos (ANCAT), reiterou estar em causa a reivindicação da instalação de uma estação meteorológica na serra de Sintra, devido ao microclima específico do local, de forma a que os alertas de incêndio estejam mais de acordo com o tempo da zona.
“O microclima da serra de Sintra tem de ser analisado de forma individua. A temperatura que está na serra de Sintra não é igual à que está em Cascais”, exemplificou Inês Henriques.
No terceiro protesto do setor no espaço de um mês, a responsável alertou que nos últimos 60 dias os empresários da animação turística, na sua grande maioria condutores de ‘tuk-tuk’, só puderam trabalhar 12 dias.
“E na maior parte dos dias esteve nevoeiro, cacimba, temperaturas baixas, as pessoas tiveram de usar agasalho, e a serra esteve cortada devido aos alertas”, frisou.
Segundo a representante, não se trata de “pôr em causa a segurança das pessoas”, considerando a necessidade de ser respeitado os perigos dos incêndios rurais, mas é necessário analisar este microclima, pelo que se defende a possibilidade de instalação de uma estação meteorológica do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) na serra, ou a utilização de alguma já existente que pertença a empresas estatais e/ou a particulares.
Os animadores turísticos reclamam ainda que nos dias de alerta laranja “só deveriam circular os transportes de passageiros de serviço público, que usassem somente o passe social, de forma a garantir os serviços mínimos de transportes para os residentes e trabalhadores”.
“Não se pode promover o turismo massificado como está acontecer”, referiu, denunciando que os autocarros estão a circular na serra cheios de turistas, numa ocupação “muita além do permitido pela Direção-Geral da Saúde”.
Em declarações aos jornalistas, o vereador da Mobilidade na Câmara de Sintra, Rui Pereira, afirmou que os animadores turísticos “não fizeram chegar à autarquia qualquer reivindicação”, avançando, no entanto, que a intenção de uma estação meteorológica na serra é “um verdadeiro disparate”.
“O controlo e o Sistema de Alertas Nacional é garantido através das informações do IPMA, a entidade que tem idoneidade para fazer estas medições e para avaliar as condições climatéricas do país. É ridículo”, comentou.
De acordo com Rui Pereira, quando se fecha o trânsito à serra, apenas é cortado o acesso ao Palácio da Pena, pelo que a animação turística continua a trabalhar na vila, mas, segundo o responsável, “há pouco trabalho porque há poucos turistas”.
“Temos o mesmo problema em Sintra do que em Lisboa. Tínhamos cinco, seis milhões de visitantes por ano, estamos agora a 10% dos números de anos anteriores, contrariando uma tendência de crescimento”, frisou.
Rui Pereira acusou ainda os animadores turísticos de não terem “noção da sua função”, lembrando que o sistema de animação turística “não é um sistema de transporte público, mas sim para fazer circuitos turísticos, ‘tour’, não é levar pessoas da estação de comboios para o hotel ou para a Pena, que está vedada”.
“Estamos preocupados com toda a população do concelho: restaurantes, hotéis, taxistas, não só com a animação turística. Estamos preocupados com o emprego em geral, implementando medidas de apoio às empresas e trabalhadores”, referiu.
A serra de Sintra, localizada no distrito de Lisboa, integra uma região de proteção classificada como sensível ao risco de incêndio florestal, caracterizada por um elevado número de visitantes.
A circulação de trânsito tem sofrido condicionamentos desde o dia 17 de julho devido aos alertas da Proteção Civil para risco de incêndio.
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