“Munidos da paciência e da capacidade negocial, os sindicatos médicos mais uma vez reuniram-se com o Ministério da Saúde e mais uma vez saem desapontados por esta reunião”, afirmou aos jornalistas o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Roque da Cunha, no final da reunião com a ministra da Saúde, Marta Temido, que durou cerca de três horas.
Roque da Cunha adiantou que os sindicatos irão reunir os seus órgãos no sentido de “aprofundar as formas de combate” à “falta de resposta do Ministério da Saúde” e irão solicitar ao bastonário da Ordem dos Médicos que marque “um fórum médico”, porque “o Ministério da Saúde parece querer empurrar os médicos para uma greve que não desejam”.
“A greve é a última das situações que desejamos, estamos num processo negocial longo”, disse Roque da Cunha, adiantando que durante a próxima semana os sindicatos irão transmitir as formas de luta.
“Muito provavelmente no mês de maio será necessário um endurecimento desta nossa posição, que nós não desejamos”, uma vez que “a preocupação” é causar “o menor dano possível aos portugueses”, sobretudo aos mais fragilizados que estão em longuíssimas listas de espera para consultas e cirurgias.
Os sindicatos não querem “aumentar o seu sofrimento e por isso esta ponderação” e mais uma vez apelam “ao Ministério da Saúde para que resolva negociar de uma forma séria”, vincou.
“Hoje fomos muito afirmativos, fomos muito concretos e esperamos que o Ministério da Saúde nos dê algumas respostas”, assim como os Ministérios da Defesa e da Justiça.
Sobre as reivindicações que não obtiveram resposta por parte do Ministério da Saúde, o presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), João Proença, apontou as grelhas salariais e a redução do trabalho de urgência de 18 para 12 horas.
“Em relação aos concursos vão ver e depois vão-nos dizer. Isso é insustentável”, porque “sem concursos atempados da mobilidade, para os graus de consultor e assistentes graduados os serviços públicos de saúde fecham e não dão qualidade”, disse João Proença, considerando ser “urgente” resolver esta situação.
Perante isto, “não nos resta outra coisa se não apelarmos à unidade dos médicos para pensarmos e exigir porque este é um problema não só deste ministério, é um problema governamental”, disse o presidente da FNAM.
“Os acordos de empresa que tínhamos com o Ministério da Justiça e com o Ministério da Defesa não foram concretizados e mais escandaloso ainda” é não conseguirmos o acordo de empresa com o Ministério do Trabalho por causa do Hospital do SAMS”, frisou.
O secretário-geral do SIM adiantou que há um “conjunto de matérias” que têm que ter resposta, nomeadamente “aquelas que tem a ver com diminuição das horas na urgência para aumentar a acessibilidade dos utentes às cirurgias às consultas programadas, a diminuição da carga de trabalho a muitos médicos que continuam a trabalhar muito mais do que aquilo que devem com limitação no investimento do Serviço Nacional de Saúde”.
“Os médicos não podem estar sujeitos a esta pressão porque os doentes estão em perigo e a nossa preocupação é justamente essa. Criar as condições para que o Serviço Nacional de Saúde seja correto para diminuir as listas de espera nas cirurgias e nas consultas”, disse Roque da Cunha.
Os sindicatos reivindicam o efetivo descongelamento da progressão salarial dos trabalhadores médicos, um suplemento de autoridade de saúde para os médicos de saúde pública, regulamentação do regime de disponibilidade dos médicos de saúde pública, a agilização e o lançamento dos concursos.
Exigem também a colocação em concurso das vagas ocupadas por médicos reformados e o fim do período experimental, a aplicação de um índice de complexidade com efetivo redimensionamento da lista de utentes na área da Medicina Geral e Familiar e o fim das quotas para as Unidades de Saúde Familiar modelo B.
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