“Os níveis de adesão são expressivos. A greve nos médicos é dos últimos recursos e os números são muito próximos dos 80% a nível hospitalar e entre os 75% e os 80% a nível dos cuidados de saúde primários”, disse Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, em conferência de imprensa.
O sindicalista referiu que espera que a greve de hoje “acorde o ministro da saúde”, afirmando que o Governo “não pode dizer que concorda com as reivindicações e depois nada fazer”.
Mário Jorge, da Federação Nacional dos Médicos, referiu que é necessária uma “mudança de atitude” do Governo para que se atinjam pontos de entendimento que ponham fim ao conflito.
“É necessária uma mudança de atitude do Governo para que possamos encontrar pontos de entendimento que levem a uma convergência de posições, para que possamos evoluir para um acordo que ponha fim ao conflito”, disse.
O responsável garantiu que o conflito será suspenso assim que as condições sejam satisfeitas, referindo que o objetivo é que as medidas impostas pela ‘troika’ sejam anuladas.
Ambos os repostáveis sindicais salientaram que, até ao momento, não receberam qualquer contraproposta do Governo, enaltecendo que todos os serviços mínimos foram cumpridos na greve de hoje e que não houve qualquer incidente.
“Não conhecemos nem fomos contactados no sentido de qualquer plataforma de entendimento e compromissos. Se não tiverem atitude construtiva no plano negocial, vamos ter um arrastamento do conflito, que sabemos como começou, mas não podemos adivinhar como vai acabar”, afirmou Mário Jorge.
Jorge Roque da Cunha afirmou que espera que até ao dia 08 novembro, data em que está agendada uma greve nacional, seja possível chegar a um entendimento, explicando que a greve de hoje serviu para “chamar a atenção do governo e dos partidos que o suportam e prejudicar o menos possível os utentes”.
“Os médicos deram um sinal que o Ministério das Finanças e Ministério da Saúde devem entender. Quando falamos de uma redução progressiva das 18 horas de urgência para as 12 horas, essas seis horas são para fazerem cirurgias e consultas, escusando o Ministério de Saúde de fazer a triste figura de martelar os números, quando sabemos que as listas de espera estão a aumentar”, defendeu.
Os sindicalistas não referiram o número de consultas ou cirurgias programas que não foram hoje realizadas devido à greve, mas salientam que os problemas das listas de espera “não são o dia de greve dos médicos, mas os 364 dias”.
Os médicos da região Sul e das Regiões Autónomas estão em greve desde as 00:00 de hoje, num dia de paralisação regional que já decorreu no norte e que antecede um dia de greve nacional, prevista para 8 de novembro.
A greve de hoje foi convocada pelos dois sindicatos face à ausência de resposta do Governo às propostas, que se prendem com redução de horas extraordinárias anuais obrigatórias (matéria em que houve acordo), as chamadas horas de qualidade (durante a noite), redução do trabalho de urgência (de 18 para 12 horas semanais) e redução da lista de utentes por médico de família (dos atuais 1.900 para 1.500).
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