“Neste momento, vamos refletir sobre esta barbaridade que aconteceu aqui, vamos conversar com os nossos sócios”, disse Pedro Pardal Henriques em declarações transmitidas pela SIC, em reação ao facto de o Governo ter decretado serviços mínimos entre 50% e 100% para a greve dos motoristas de mercadorias que se inicia na segunda-feira, por tempo indeterminado.
O representante do sindicato disse que “é possível cumprir [a greve], desde que não se faça”, afirmando: “Decretar 100% para praticamente tudo o que existe, e os 50% naquilo que resta, que é praticamente nada, é dizer ‘trabalhem, porque os vossos problemas são vossos, resolvam-nos’, o Governo preocupa-se é com a Antram, com a Petrogal, com os poderes económicos deste país'”.
“Eu acho que acima disto os senhores ministros poderiam ter decretado [serviços mínimos de] uma greve de 150%”, referiu.
“Agora compreendo porque é que a Antram não cumpriu o que foi acordado com os motoristas, rasgou o acordo que foi acordado, não quer negociar não quer falar, porque o Governo está do lado da Antram, porque a Antram sabe o que é que iria ser acordado”, acusou Pedro Pardal Henriques.
O porta-voz do SNMMP contestou ainda a declaração do “estado de emergência energética ainda antes de uma greve, tendo os sindicatos disponíveis para cumprir os serviços mínimos”, classificando-a de “triste” num país democrático.
“Sinto vergonha de ser português, porque hoje foi um atentado à democracia”, asseverou Pedro Pardal Henriques, acrescentando que “hoje deveria ser feriado nacional”, porque o dia se opõe ao 25 de Abril, “onde as pessoas conquistaram direitos”.
De acordo com o representante do sindicato, o sucedido hoje “mostrou que quem manda neste país é o poder económico, são as petrolíferas, são as grandes logísticas”.
O Governo decretou hoje serviços mínimos entre 50% e 100% para a greve dos motoristas de mercadorias que se inicia na segunda-feira, por tempo indeterminado.
Os serviços mínimos serão de 100% para abastecimento destinado à REPA – Rede de Emergência de Postos de Abastecimento, portos, aeroportos e aeródromos que sirvam de base a serviços prioritários, bem como para abastecimento de combustíveis para instalações militares, serviços de proteção civil, bombeiros e forças de segurança.
Para abastecimento de combustíveis destinados a abastecimento dos transportes públicos foram decretados serviços mínimos de 75% e nos postos de abastecimento para clientes finais os serviços mínimos são de 50%.
Também hoje o Governo decretou, preventivamente, estado de emergência energética, no âmbito do pré-aviso de greve, permitindo a constituição da Rede Estratégica de Postos de Abastecimento (REPA), com 54 postos prioritários e 320 postos de acesso público.
A greve foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), que acusam a associação patronal Antram de não querer cumprir o acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.
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