Com início às 21:30, com a recitação do terço, seguindo-se a procissão das velas e a celebração da palavra, a peregrinação aniversária de agosto trouxe de volta ao recinto do Santuário os peregrinos de todo o mundo, incluindo muitos emigrantes que por esta altura visitam Portugal.
As celebrações de agosto integram a peregrinação do migrante e do refugiado, no âmbito da 50.ª Semana Nacional de Migrações, que começou na segunda-feira e termina no domingo, sob o tema “Construir o futuro com migrantes e refugiados”. Este é o título da mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, que se assinala em 25 de setembro.
A Semana Nacional de Migrações é uma iniciativa da Obra Católica Portuguesa de Migrações, organismo da Conferência Episcopal Portuguesa que em 2022 faz 60 anos.
O bispo de Fall River, D. Edgar Moreira da Cunha, preside à peregrinação aniversária. Natural de Nova Fátima, no estado brasileiro da Bahia, foi o primeiro prelado dos Estados Unidos nascido no Brasil.
Nascido em 1953, foi ordenado padre em 27 de março de 1982, na Igreja de São Miguel, em Newark, no estado norte-americano de New Jersey, onde também reside uma importante comunidade portuguesa, sobretudo do norte e centro de Portugal continental.
Na homilia desta noite, perante um recinto repleto de velas, D. Edgar Moreira da Cunha começou por referir que esta é uma "noite de luz, de fé e de paz".
"Estamos aqui para comemorar, celebrar, para honrar a Bem-Aventurada Virgem Maria. Para pedir sua intercessão e prometer imitá-la", começou por dizer.
"O que ela tem para nos dizer aqui hoje? 'Façam tudo o que Ele vos disser'", apontou, remetendo para o episódio bíblico das Bodas de Caná.
"Somos todos filhos de Deus e de Maria. Somos todos irmãos. Somos responsáveis uns pelos outros e pelo bem comum, por uma sociedade melhor e por manter viva a chama de fé, dos ensinamentos de Cristo e da Igreja. Somos promotores da justiça e da paz", frisou o bispo.
De seguida, D. Edgar Cunha lembrou também que Maria "ensina a importância da generosidade". "O que nós vemos hoje é um mundo onde se pensa mais no interesse pessoal, em vez de pensar no bem comum", acentuou.
"Nossa Mãe Maria nos dá um exemplo de generosidade. Maria não pensou em si mesma, mas no plano de Deus, no que Deus precisava dela para trazer a salvação ao mundo. Se ela tivesse pensado em si mesma ou nos riscos que corria ao aceitar ser a mãe do Salvador, colocando a própria vida em perigo, talvez ela tivesse dito ao anjo: 'muito obrigado, mas se o Senhor puder, encontre outra'. Mas não, ela correu o risco, não teve medo e deu o seu sim a Deus", lembrou o bispo de Fall River.
Assim, para D. Edgar Cunha, "tudo o que fazemos aqui hoje, amanhã e nesses dias que estamos aqui — as nossas orações, as nossas celebrações Eucarísticas, as nossas confissões, as nossas devoções, as nossas procissões, cantos, decorações, tudo isso — tem de ter um objetivo, uma finalidade: a nossa conversão, a nossa união com Cristo, conformar nossa vida ao seu plano".
Todavia, garante, "nada disso acontece sem uma grande fé". "A fé é a base de tudo o que precisamos para chegarmos à santidade. Às vezes achamos que ser santo não é para nós; é para aqueles que já nasceram com esse dom e já foram predestinados por Deus para serem Santos".
Mas, diz, isso não é bem assim. "Todos nós recebemos esse dom no nosso baptismo, o dom da santidade. Portanto, não desistam, não desanimem, não percam a esperança, não percam a confiança. O Senhor mesmo nos prometeu: 'Não os deixarei órfãos, não os deixarei sós. Ele está connosco nesta caminhada da vida, como Ele mesmo nos prometeu: Eis que estarei convosco até o fim dos séculos'".
Quase no final da homilia, o bispo assegurou que Maria "assiste com amor materno a Igreja ainda peregrina sobre a terra, protegendo misericordiosamente os seus passos a caminho da pátria celeste".
"Que bom seria se tudo que fizermos aqui nestes dias de festa realmente fosse um reflexo da nossa perseverante vontade de honrar Jesus Cristo e a Virgem Mãe de Deus como seus fiéis discípulos e servos", atirou, para de seguida citar parte da letra celebrizada por Roberto Carlos e Marco Paulo.
"Como uma música nos lembra: 'Nossa Senhora, me dê a mão, cuida do meu coração, da minha vida, do meu destino, do meu caminho; cuida de mim'. Nossa Senhora é aquela que sempre se preocupa connosco e com as nossas necessidades. Ela está sempre pronta a interceder por nós como intercedeu pelos esposos em Caná, na Galileia", rematou.
O que acontece a 13 de agosto em Fátima?
No sábado, às 09:00, é recitado o terço, realizando-se, uma hora mais tarde, a missa, que inclui uma palavra dirigida aos doentes. As celebrações terminam com a procissão do adeus.
A peregrinação inclui, ainda, a tradicional oferta de trigo, ação que se repete pela 82.ª vez, iniciada por um grupo de jovens da Juventude Agrária Católica, de 17 paróquias da Diocese de Leiria, que em 1940 ofereceu 30 alqueires de trigo, destinados ao fabrico de hóstias para consumo no Santuário de Fátima.
“Desde aquele ano, os peregrinos, já não só de Leiria, mas também de outras dioceses do país, e até do estrangeiro, têm vindo a dar continuidade, ano após ano, a este ofertório”, referiu o santuário.
Segundo dados do templo mariano, no ano passado, “consumiram-se, nas celebrações, 569.960 partículas, 820 hóstias médias, 60 hóstias grandes e 45 partículas para celíacos”.
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