“As minhas responsabilidades, hoje, já não são de condução da política externa, mas posso tranquilizar todas as pessoas. Não há nenhum problema no relacionamento entre Portugal e o Qatar, que têm um relacionamento diplomático intenso. O Qatar é um dos estados do Golfo em que temos um embaixador residente e é uma região estratégica para nós”, afirmou a segunda figura do Estado português.
Augusto Santos Silva, que falava aos jornalistas, em Doha, à margem de um encontro com o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, garantiu que a segurança dos residentes lusos no Qatar não está em causa, apesar das críticas proferidas pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do primeiro-ministro, António Costa, relativamente às violações dos direitos humanos por parte do Qatar.
“Os portugueses aqui residentes podem estar tranquilos, porque, se há coisa que caracteriza a política externa portuguesa é a ação externa de todos os órgãos de soberania, é colocar sempre como prioridade o bem-estar, o interesse, a segurança e a tranquilidade de todos os portugueses que vivem em quase todos os lados do mundo”, referiu o presidente da AR.
Augusto Santos Silva lembrou “o inexcedível apoio” que as autoridades qataris prestaram a Portugal por ocasião da morte do ex-embaixador luso no país Ricardo Pracana, em 2020, mas não só.
“Quando tivemos de retirar dezenas e dezenas de pessoas do Afeganistão, designadamente afegãos que tinham colaborado com as Forças Armadas portuguesas, numa operação muito difícil, conseguimo-lo fazer, porque contámos com o apoio do Paquistão, na rota terrestre, e do Qatar, na rota aérea. Estas coisas não se esquecem. Tal como não se esquece a posição que o Qatar tem tido na Assembleia Geral das Nações Unidas na condenação da guerra na Ucrânia, e também não se esquece a importância geopolítica e geoeconómica que esta região tem no mundo”, salientou.
O presidente da AR disse ainda que na agenda das reuniões que vai manter com as autoridades qataris “estão todos os assuntos que são de interesse quer para Portugal quer para o Qatar”, e afirmou que todos os países “têm de avançar muito em matéria de direitos humanos”.
“Todos nós temos de avançar muito em matéria de direitos humanos, no relacionamento e compreensão mútuos. Temos de avançar, consolidando os domínios em que somos fortes e melhorando os domínios em que não somos fortes, e isso aplica-se a todos os países, incluindo Portugal”, concluiu.
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