“Pertencemos ao mesmo continente, a Europa, à mesma Aliança militar e política, a NATO, pertencemos à mesma região do Mundo, o Mediterrâneo, e somos parceiros chave da União para o Mediterrâneo”, recordou Augusto Santos Silva no decorrer de um fórum empresarial Portugal–Turquia, em Lisboa.
Organizado pela agência de comércio externo de Portugal, a AICEP, o fórum empresarial reuniu representantes de companhias portuguesas e turcas e contou com a presença do ministro da Economia turco, Nihat Zeybekci, e do chefe da diplomacia portuguesa.
“Portugal apoia integralmente o processo de aproximação e fortalecimento dos laços entre a Turquia e a União Europeia, no sentido de a Turquia conseguir a aceitação completa na UE. E temos complementaridades muito claras e fortes, tanto em termos económicos como políticos”, salientou Augusto Santos Silva.
À margem do Fórum, em declarações à Lusa, o ministro dos Negócios Estrangeiros português matizou o tom do discurso que tinha proferido diante do ministro turco, ressalvando que um eventual acesso da Turquia à União Europeia depende sempre do cumprimento dos critérios de Copenhaga.
“O processo de adesão da Turquia à União Europeia regula-se apenas pelo cumprimento dos critérios de Copenhaga, critérios 'sine qua non' que é necessário cumprir para conseguir o aceso”, disse Santos Silva recordando que “em termos gerais” são critérios sobre “a democracia, o Estado de Direito, mas também com a economia de mercado e uma dimensão social que caracteriza a UE”.
Vários líderes europeus consideram que a Turquia, sobretudo sob a liderança do Presidente Recep Erdogan, tem piorado os seus índices nestas matérias, bem como através da perseguição aos 'media' e a formações políticas opositoras ao atual chefe de Estado. A Turquia também tem discutido a reinstauração da pena de morte, algo que a UE não aceita.
Por outro lado, a nível militar, a Turquia tem feito uma reaproximação à Rússia de Vladimir Putin, tendo anunciado a intenção de comprar mísseis terra-ar S400, um sistema não compatível nem integrável nos sistemas de defesa aérea da NATO.
“Para Portugal, é apenas dentro dos critérios de Copenhaga que o progresso da candidatura [da Turquia à UE] se deve colocar”, acrescentou o ministro português.
Santos Silva considerou ainda que “a conclusão desse processo” ainda está “longe”.
“Mas também recordaria que no caso português pedimos a adesão em 1976, 1977 e só entramos na então Comunidade Económica Europeia em 1986, portanto isto leva o seu tempo”, sublinhou.
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