O próprio Sánchez afirmou na semana passada que prevê revelar hoje, perante o plenário dos deputados espanhóis, “o dia em que Espanha reconhecerá o Estado palestiniano”, através de uma resolução do Conselho de Ministros.
O primeiro-ministro do Partido Socialista espanhol (PSOE) disse, numa entrevista à televisão La Sexta na semana passada, estar a ultimar a coordenação com outros países para “haver uma declaração e um reconhecimento conjunto” da Palestina.
“Devemos, vários países, levantar a bandeira do reconhecimento do Estado da Palestina para que essa ideia perdure e crie um horizonte político de paz e coexistência pacífica entre Israel e a Palestina”, afirmou, depois de sublinhar que a designada solução dos dois Estados para o Médio Oriente é defendida há décadas pela comunidade internacional, mas, “particularmente no ocidente”, só foi reconhecido um deles (Israel).
Além disso, acrescentou, atendendo ao que está a acontecer no território palestiniano da Faixa de Gaza desde outubro, “é evidente que há um primeiro-ministro de Israel que não parece muito de acordo em reconhecer o Estado da Palestina”, pelo que este é, precisamente, o momento de vários países avançarem, “para que essa ideia perdure”.
Sánchez voltou a manifestar “sérias dúvidas” de que Israel esteja a respeitar os Direitos Humanos com a resposta militar que deu ao ataque de outubro do Hamas, o grupo islamista radical que controla a Faixa de Gaza.
Na operação militar de Israel já morreram mais de 35 mil pessoas, com “morte indiscriminada de civis, mulheres, meninos e meninas” na Faixa de Gaza, sublinhou Sánchez, que manifestou também “serias dúvidas” sobre “os resultados” com que Telavive justifica a sua ação.
“O Hamas está hoje menos forte do que antes? Israel está hoje mais seguro? A minha opinião é que Israel está numa situação claramente mais débil por causa da resposta absolutamente desumana que deu na guerra em Gaza”, afirmou.
Sánchez assinou no final de março, com outros três primeiros-ministros europeus (da Irlanda, Eslovénia e Malta), uma declaração a comprometer-se com o reconhecimento do Estado da Palestina. Em abril, fez um périplo europeu para tentar levar mais países a reconhecer a Palestina que incluiu também a Bélgica e um estado que não faz parte da União Europeia (UE), a Noruega.
Dentro da UE, nove Estados-membros reconhecem já a Palestina: Bulgária, Chipre, República Checa, Hungria, Malta, Polónia, Roménia e Eslováquia deram o passo em 1988, antes de aderirem ao bloco europeu, enquanto a Suécia o fez sozinha em 2014, cumprindo uma promessa eleitoral dos sociais-democratas então no poder.
Nas Nações Unidas, já reconheceram unilateralmente o Estado da Palestina cerca de 137 dos 193 membros da organização, de acordo com a Autoridade Palestiniana.
Na ida de hoje ao parlamento espanhol, Sánchez vai ainda esclarecer os deputados, a pedido do Partido Popular (PP, direita), sobre as negociações com o Reino Unido por causa de Gibraltar, na sequência do Brexit (saída britânica da UE), e sobre a “alegada corrupção económica, política e de conflito de interesses que afetam o seu partido, o seu governo e familiares seus”.
Comentários