“É obvio, que a minha obsessão serviu para qualquer coisa”, disse Salvini numa conferência de imprensa, depois de ter presidido hoje a uma reunião anual das direções de todas as forças policiais.
“O declínio é de 80% num ano, reduzimos o número de mortos e desaparecidos e reduzimos o número de pedidos de asilo pendentes”, disse Salvini, adiantando que o que for poupado com o acolhimento dos estrangeiros será utilizado para “contratar 8.000 homens e mulheres para as forças policiais”.
O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, por sua vez, criticou hoje a “concentração obsessiva” de Salvini reduzindo-a à fórmula “‘portos fechados'”, numa carta aberta e contundente para com o ministro, que está em rutura com o chefe do Governo desencadeando uma crise política em Itália.
“Estou feliz com minha obsessão”, afirmou Salvini aos jornalistas, esclarecendo que recebeu os parabéns de diversos governos pelos seus esforços contra a “imigração ilegal”, nomeadamente, de Israel, Estados Unidos, Brasil e da Alemanha.
De acordo com o relatório anual do Ministério do Interior hoje divulgado, um total de 8.691 migrantes, incluindo 1.119 menores sozinhos, desembarcaram na costa italiana nos últimos doze meses (agosto de 2018 a julho de 2019), o que representa uma redução de 80% em relação a igual período anterior.
O documento refere ainda que os migrantes chegaram em barcos da Tunísia (36,8%), Líbia (22,3%), Turquia (21%), Grécia (10,8%) e da Argélia (9,1%).
No final de julho, o número acumulado destes migrantes na Itália totalizavam 105.142, menos 34% que há um ano.
O acolhimento dos migrantes custou à Itália cerca de 500 milhões de euros nos últimos doze meses, contra 1,2 mil milhões entre agosto de 2017 e julho de 2018 e os pedidos de asilo (36.250) diminuíram em 56%.
“Vemo-nos no próximo ano”, disse Salvini aos jornalistas no final da conferencia de imprensa, procurando transmitir que estará no Governo em agosto de 2020, uma vez que acabou de romper com a coligação que integrava e que está no poder.
A conferência anual deste ano realizou-se em Castel Volturno, num ‘resort’ à beira-mar, uma zona que é controlado pela Camorra (a máfia da napolitana), sendo também um centro de tráfico de drogas e prostituição.
No verão anterior, Matteo Salvini tinha estado na Calábria, em San Luca, o reduto da “Ndrangheta”, a máfia calabresa.
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