O cortejo fúnebre passará hoje pela residência de Mário Soares, no Campo Grande, em Lisboa, pelas 11:00, seguindo pelas ruas centrais da capital até à Câmara Municipal de Lisboa, símbolo da República, onde fará uma breve paragem, em direção ao Mosteiro dos Jerónimos.
O corpo ficará em câmara ardente na Sala dos Azulejos do Claustro dos Mosteiro dos Jerónimos, desde cerca das 13:00 até à meia-noite e na terça-feira até ao final da manhã, entre as 08:00 e as 11:00, estando o local aberto a todos os cidadãos.
Na terça-feira, dia do funeral, o cortejo parte do Mosteiro dos Jerónimos para o Cemitério dos Prazeres, com breves paragens previstas em frente ao Palácio de Belém, à Assembleia da República, Fundação Mário Soares e à sede do Partido Socialista, no Largo do Rato.
Roteiro do Cortejo:
Campo Grande
O cortejo fúnebre passa hoje pela residência de Mário Soares, no Campo Grande, em Lisboa, pelas 11:00, na Rua dr. João Soares, seu pai, que fundou o Colégio Moderno, também ali situado.
Desde sábado que têm sido depositadas flores à porta de casa do fundador e ex-Presidente da República.
Marquês do Pombal
Depois do Campo Grande, o cortejo segue pela Avenida da República, Largo do Saldanha, Fontes Pereira de Melo e Marquês do Pombal, local onde, ao longo de mais de 40 anos de democracia, se juntaram muitas pessoas para apoiar ou contestar Soares.
O líder histórico e fundador do PS participou em muitos desfiles do 25 de Abril, que partiram do Marquês para o Rossio, mas também se juntou aos manifestantes contra a guerra no Iraque, em 2003.
E foi também do Marquês de Pombal, de onde se vê a antiga sede do DN, para o qual escreveu muitos artigos, que, ao longo da sua carreira, passaram muitas manifestações contra as políticas dos governos que chefiou.
Mosteiro dos Jerónimos
Do Marquês, o cortejo vai até à Câmara de Lisboa e é daí que o percurso se fará em armão (uma espécie de charrete) com escolta a cavalo da Guarda Nacional Republicana até ao Mosteiro dos Jerónimos, onde chegará pelas 13:00.
O corpo ficará depois em câmara ardente na Sala dos Azulejos do Claustro dos Mosteiro dos Jerónimos, até à meia-noite, estando o local aberto a todos os cidadãos.
Foi nos claustros do Mosteiro dos Jerónimos que, a 12 de junho de 1985, o então primeiro-ministro Mário Soares assinou o tratado de adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (CEE).
A partir das 13:00 de terça-feira irá realizar-se uma sessão solene evocativa de homenagem a Mário Soares no claustro do Mosteiro dos Jerónimos, no final da qual seguirá o cortejo fúnebre para o cemitério dos Prazeres.
Nessa cerimónia estão previstas breves intervenções do Presidente da República e do presidente da Assembleia da República, bem como, provavelmente, da família. Será também transmitida uma mensagem do primeiro-ministro, António Costa, que se encontra numa visita de Estado à Índia até quinta-feira.
Palácio de Belém
Não muito longe dos Jerónimos, está o Palácio de Belém, onde Mário Soares esteve durante 10 anos, de 1986 a 1996.
Durante a Presidência, conheceu dois primeiros-ministros, um do PSD, que até chegou a apoiar a sua recandidatura, Cavaco Silva, e outro do PS, o seu partido, António Guterres.
Ao longo de dez anos, ficaram famosas as suas visitas de Estado ao estrangeiro, mas também as Presidências Abertas, em que contactava com a população e com os problemas do país.
O cortejo em direção ao cemitério dos Prazeres, na terça-feira, passará pelo Palácio de Belém, construído originalmente no século XVI e foi residência do príncipe D. Carlos, no percurso para o Cemitério dos Prazeres.
São Bento
De Belém, o cortejo segue para São Bento, zona da cidade de Lisboa a que Soares está associado após o regresso do exílio a Portugal.
Na rua de São Bento fica a Residência Oficial do primeiro-ministro, que ocupou por três vezes, e a Assembleia da República, onde entrou pela primeira vez em 1975, na Assembleia Constituinte.
Soares foi primeiro-ministro de Portugal no I Governo Constitucional, em 1976 e 1977, e II Governo, em 1978. Chefiou também o IX Governo Constitucional, entre 1983 e 1985.
Descendo a rua de São Bento, fica a Assembleia da República, onde Soares subiu inúmeras vezes à tribuna, quer como deputado, ministro ou primeiro-ministro, de 1975 a 1986. Foi eleito pela primeira vez para a Assembleia Constituinte, em 1975, e deixou o Parlamento em 1985, antes de concorrer a Presidente da República.
Descendo as escadarias da Assembleia, está a Fundação Mário Soares, que criou depois de deixar a Presidência, em 1996.
A fundação cresceu à medida que foi recebendo arquivos de personalidades da democracia portugueses, que se juntaram aos “papéis” do próprio ex-Presidente. Mas foi também o centro de muita atividade política e muitos colóquios.
Largo do Rato
O cortejo sobe então de São Bento para o Largo do Rato, onde está instalada a sede do PS, partido que ajudou a fundar, em 1973. Soares foi líder dos socialistas de 1973 a 1985, com alguns interregnos pelo meio, fruto das lutas internas dentro do partido.
Na entrada da sede do PS desde 1975, e que foi o Palácio dos Marqueses da Praia e Monforte, construído nos séculos XVIII e XIX, estão hoje gravados na pedra os nomes de Soares e dos restantes militantes que fundaram o então Partido Socialista Português, em Baden Munstereifel, na antiga RFA.
Mário Soares era, nos últimos anos, visita frequente da sede do PS, sendo um dos convidados para as cerimónias anuais do aniversário do PS, a 19 de abril.
Desde domingo, data em que foi colocado um livro de condolências no Largo do Rato, no exterior da sede do PS estão quatro fotos a preto e branco que assinalam momentos emblemáticos de Mário Soares, nomeadamente o seu regresso do exílio forçado em França e a assinatura do tratado de adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia, em 1985. À entrada da sede, está ainda uma tela que passa imagens e fotos do percurso político de antigo Presidente da República.
O funeral terá lugar a partir das 15:30 no cemitério dos Prazeres, onde está também sepultada a mulher de Mário Soares, Maria de Jesus Barroso.
De acordo com fonte governamental, será a primeira vez que há um funeral de Estado desde 25 de Abril - que implica, entre outras coisas, a participação dos vários ramos das Forças da Armada e um cortejo, motorizado e a cavalo, ao corpo.
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