Adam Hodge, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, disse que Joe Biden já foi informado da escalada da situação russa, e que a Casa Branca está a monitorizar os acontecimentos. Acrescentou ainda que está a contactar Aliados e parceiros estratégicos. Em causa estão as ameaças à liderança militar russa por parte do líder do grupo mercenário Wagner, Yevgeny Prigozhin, depois de Procurador-Geral russo ter aberto inquérito por motim.
Prigozhin disse ao início da noite que a Rússia era "demoníaca" e "deveria ser parada". Isto, depois de garantir ter havido um ataque deliberado a posições do Grupo Wagner. Entretanto, duas colunas militares do grupo Wagner, uma com 50km e outra com 80km, já terão chegado a Rostov. E, Moscovo bloqueou a autoestrada que faz a ligação entre Moscovo e Rostov. Na capital, há tropas do Kremlin a ocuparem posições estratégicas.
Mais recentemente, nas redes sociais, Prigozhin garante haver duas aeronaves a sobrevoar a coluna do Grupo Wagner, em Rostov. Prigozhin acusa a Rússia de querer atacar em território civil, por se tratarem de áreas residenciais, e pede que os militares do Kremlin se revoltem contra o Ministro da Defesa, Sergei Shoigu, e o Chefe das Forças Armadas russas, Valeri Gerassimov. Numa atualização seguinte, na rede social Telegram, assegura que o Grupo Wagner abateu um helicóptero da defesa russa que tentava atacar o grupo dos mercenários.
Esta é a maior ameaça à liderança de Putin desde o início da guerra. O líder russo ainda não reagiu, contudo todos os comunicados do Kremlin asseguram que está a acompanhar a situação. Os especialistas internacionais, temem que se possa estar próximo de uma guerra civil, importa lembrar que a Rússia não tem guerra no seu território desde a Chechénia.
Prigozhin, num ficheiro de voz na rede social Telegram, terá dito que militares do Kremlin se recusaram a obedecer a ordens que punham em causa segurança do grupo Wagner, esta informação ainda não foi confirmada. Esta rede social tem sido usada ao longo da noite, pelas duas frentes em discórdia para fazer atualizações da situação.
"Neste momento, atravessámos as fronteiras em todas as direções. A patrulha fronteiriça veio cumprimentar-nos e abraçar os nossos combatentes. Estamos agora a entrar em Rostov. As unidades do Ministério da Defesa, ou melhor, os recrutas que foram enviados para bloquear o nosso caminho afastaram-se. Não estamos a combater com crianças, não estamos a matar crianças. Shoigu (Ministro da Defesa russo) mata crianças, ao enviar soldados que não estão preparados para a guerra. Enviou miúdos de 18 anos contra nós. Nós apenas lutamos com profissionais. Mas se alguém se meter no nosso caminho, destruiremos tudo aquilo que se meter no nosso caminho. Estamos a estender uma mão, espero que não cuspam nela. Vamos mais longe, vamos até ao fim.", disse também Prigozhin, no Telegram.
O New York Times cita Mick Mulroy, um ex-agente da CIA, e funcionário do Pentágono na reforma, que referiu que Prigozhin representa "um desafio sério" para Putin, acrescentou ainda que "ainda que este golpe (militar) falhe, enfatiza a ideia de que os mais próximos da guerra sabem que esta foi um erro."
Nas redes sociais, corre um vídeo onde são audíveis, e visíveis, confrontos que alegadamente serão entre as forças da milícia Wagner e os militares da defesa russa, na cidade de Rostov.
O Governador de Rostov, Vasily Golubev, lançou um comunicado no Telegram onde garante que "as forças da lei estão a fazer tudo o que é necessário para assegurar a segurança da região. Peço a todos que fiquem calmos e não saiam de casa sem necessidade".
Sabe-se que em Moscovo foi já instaurado o Plano Fortaleza, posto em marcha pelo FSB e que pretende defender os pontos mais estratégicos daquela cidade. Pouco depois desta informação ter sido tornada pública, soube-se que as colunas militares do Grupo Wagner conseguiram atravessar Rostov e continuam em direção ao norte do país. À medida que estas colunas avançam, várias cidades vão aumentando a segurança, como é o caso de Lipetsk. A agência noticiosa russa, RIA, confirmou que esta coluna se encaminha para Moscovo. “A coluna militar está a deslocar-se na autoestrada M-4. Pedimos a todos os residentes da região de Voronezh para temporariamente não utilizarem a autoestrada”, disse o Governo de Voronezh que garante o controlo da situação. E acrescenta que “as estruturas de eletricidade da região estão a tomar todas as medidas necessárias para garantir para assegurar a segurança dos residentes da região." Esta região fazia parte da lista de cidades russas que já tinha declarado o Plano Fortaleza. Contudo, importa referir que de Rostov a Moscovo são 1100 km.
Por volta das 3h da manhã, em Portugal, começa a correr nas redes sociais a informação de que o Grupo Wagner terá tomado o controlo de Rostov. Contudo, importa sempre lembrar que ainda não foi possível aferir a veracidade das informações que correm esta madrugada. E que o próprio líder do Grupo Wagner, era responsável por várias "fábricas" de trolls.
O The Guardian avança que o Google News terá sido bloqueado na Rússia, segundo a organização de rastreio da internet NetBlocks. Ao longo da noite algumas notícias, não confirmadas, davam conta que tudo o que fosse referente a Prigozhin, inclusive o seu nome, estava a ser alvo de censura na internet russa.
Ao amanhecer na Rússia, o líder do grupo Wagner confirma que terão destruído mais um helicóptero. Na rede social Telegram explica que faz parte dos 25 mil militares prontos para morrer. Acrescenta que quando esses morrerem, aparecerão mais 25 mil. Salienta que tem objetivos muito específicos, e que entrará em conflito com quem se puser entre si esses objetivos. Volta a denunciar a insurreição de alguns militares russos que, alegadamente, se recusam a abrir fogo na direção do Grupo Wagner.
É ainda nesta passagem da madrugada para a manhã, que começa a correr a informação que o Grupo Wagner terá tomado a sede das Secretas, a Polícia e o edifício do Ministério da Defesa, em Rostov. Esta cidade é um importante ponto logístico para os russos por se localizar na fronteira com a Ucrânia e próximo da Crimeia.
Pelas 4h30, em Portugal, começam a chegar nnotícias de que altas patentes russas pedem para negociar com o Grupo Wagner. E, segundo a BBC, o Governador de Rostov pede que os habitantes permaneçam em casa. “Tendo em conta a situação atual, peço-vos que evitem deslocar-se para o centro da cidade e, se possível, não sair de casa”, escreveu no Telegram. Também por esta hora, confirma-se que Moscovo aumentou o nível de segurança para ameaça terrorista.
Depois de terem surgido alguns boatos de que militares russos se juntavam à milícia armada Prigozhin confirmou-o. “Quando os soldados nos encontram, a Guarda Nacional e a polícia acenam-nos e dizem ‘Queremos ir contigo'”, garante ainda que cerca de 60 a 70 já se juntaram aos mercenários. e que “cerca de metade” das forças armadas estão prontas para se juntar ao Grupo Wagner.
As forças da defesa ucraniana também se manifestaram no Twitter, apenas para dizer "estamos a ver". Pode-se apenas supor que se referem aos eventos a decorrer na Rússia.
O Centro de Estudos da Guerra, estima que esta rebelião tenha sido um golpe mal calculado e com "pouca hipótese de sucesso". O líder do Wagner achou que tinha Putin do seu lado na luta contra Shoigu, mas o Kremlin parece opor-se às suas ações.
A TASS,a agência oficial do Governo Russo, lembra que Prigozhin pode ser acusado de rebelião e condenado a 20 anos de prisão.
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