Rui Rio, que respondia a uma questão sobre o Programa de Estabilidade, referiu que uma eventual crise política não lhe agrada porque "não agrada a Portugal e, portanto, não agrada ao líder da oposição".
O líder do PSD não se mostrou, contudo, surpreso com possíveis tensões entre os partidos que formam a atual maioria paramentar.
"Essas tensões entre o Bloco de Esquerda, o PS e, provavelmente, o PCP, é algo que já estava à espera há muito tempo. Não vejo com grande admiração que à medida que nos aproximamos das eleições, eles tenham mais dificuldade em conseguir a estabilidade que até à data conseguiram", disse o líder dos sociais-democratas, que falava à margem do Congresso da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), que hoje decorre em Santa Maria da Feira, distrito de Aveiro.
Hoje de manhã, o BE avisou o Governo que não pode ir além dos compromissos assumidos com Bruxelas e terá de inscrever, até sexta-feira, no Programa de Estabilidade, a meta de 1% de défice para 2018 acordada no Orçamento.
Numa conferência de imprensa no parlamento, a deputada do BE Mariana Mortágua advertiu que o Governo criará "instabilidade" na maioria parlamentar de esquerda caso mantenha a intenção de inscrever uma meta de défice de 0,7% no Programa de Estabilidade que deverá ser aprovado em Conselho de Ministros na quinta-feira, dando entrada na Assembleia da República no dia seguinte.
Também esta manhã, antes da chegada de Rui Rio ao congresso da CIP, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, falou sobre a importância da "normal conclusão da legislatura" e da aprovação do Orçamento do Estado para 2019, avisando que prefere "não ter de intervir a não ser para o promulgar".
Marcelo Rebelo de Sousa disse que "é certo que os debates prévios sobre os sucessivos programas de estabilidade e orçamentos têm, ano após ano, grande intensidade" e admitiu que este debate seja mais intenso em ano eleitoral.
O chefe de Estado recusou, contudo, a hipótese do Orçamento do Estado não ser aprovado.
"Não me passa pela cabeça que o orçamento não venha a ser aprovado na Assembleia da República", sublinhou, considerando que "uma crise política é indesejável” e “uma crise política decorrente ou envolvendo o Orçamento do Estado é duplamente indesejável para todos, até por poder gerar cenários imediatos de elevado preço para o país".
Confrontado com estas palavras, Rui Rio remeteu a frase do chefe de Estado para a atuação dos partidos de esquerda e concordou com a indesejabilidade de uma crise.
"Acho que uma crise política não é algo que Portugal deseje e estou convencido que as palavras do senhor Presidente da República são para a coligação parlamentar à esquerda. Eles é que têm de garantir essa estabilidade e essa não crise política", referiu o presidente do PSD.
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