Numa nova gravação obtida pelo canal norte-americano CNN Internacional, feita no clube de golfe de Donald Trump em Bedminster, Nova Jersey, em julho de 2021, podem obter-se novas evidências de que o ex-presidente estava na posse de documentos classificados.
Na gravação obtida pelo canal pode ouvir-se Trump a admitir ter mantido um documento classificado do Pentágono sobre um possível ataque ao Irão.
Esta evidência foi transmitida pela primeira vez no programa “Anderson Cooper 360”, esta segunda-feira na CNN Internacional, e inclui novos detalhes da conversa que é uma peça crítica de evidência nas acusações que o antigo governante enfrenta sobre o manuseamento incorreto de informações classificadas.
Na conversa, Trump está a falar com várias pessoas que estão a ajudar o seu ex-chefe de gabinete, Mark Meadows, a escrever um livro. É possível ouvir-se Donald Trump a dizer "estes são os papéis", enquanto discute os planos de um ataque do Pentágono, uma citação que não foi incluída na acusação, segundo o canal.
"Isto foi feito pelos militares e entregue a mim", continua Trump, antes de observar o documento. "Reparem, como presidente, eu poderia tê-lo desclassificado", diz ele. "Agora eu não posso, vocês sabem, mas isso ainda é um segredo".
Trump e os seus assessores também brincam sobre os e-mails de Hillary Clinton.
"Hillary imprimia isto constantemente, sabem. Os seus e-mails privados", disse o funcionário de Trump.
"Não, ela enviaria para Anthony Weiner", respondeu Trump, referindo-se ao ex-congressista democrata e provocando risos entre os presentes na sala.
As declarações de Trump na gravação de áudio, que afirmam “estes são os papéis”, referindo-se a algo que ele chama “altamente confidencial” e parece mostrar outras pessoas na sala, podem minar as afirmações do ex-presidente numa entrevista na semana passada dada ao canal de notícias concorrente Fox News.
“Não havia nenhum documento. Era uma quantidade enorme de jornais e outras coisas a falar sobre o Irão entre outros assuntos”, disse Trump à Fox. “E pode ter sido retido ou não, mas não era um documento. Eu não tinha um documento propriamente dito. Não havia nada para desclassificar. Eram histórias de jornais, histórias de revistas e artigos”, sublinhou.
Recorde-se que Donald Trump declarou-se inocente no início deste mês de 37 acusações relacionadas com o suposto manuseamento incorreto de documentos confidenciais que estavam no seu resort Mar-a-Lago, em Palm Beach, na Flórida.
A reunião de julho de 2021 que foi gravada e obtida pela CNN Internacional ocorreu logo depois de Trump ficar furioso com as notícias de que Mark Milley, o chefe do Estado-Maior, o havia instado a não atacar o Irão nas últimas semanas da sua presidência.
Trump acreditava que o documento que descreve o relatório para atacar o Irão enfraqueceria as alegações de Milley, embora o relatório tenha sido escrito no início do governo Trump, quando Joseph Dunford ainda era chefe do Estado-Maior.
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