No debate que o opôs a Luís Montenegro, Paulo Raimundo assumiu desde o início que a CDU tem “objetivos políticos e programáticos opostos” aos da Aliança Democrática (AD) e, nas pensões, abordou a ideia de que o líder do PSD quer “uma reconciliação com os pensionistas” para recuar aos tempos da ‘troika’.
“Reconciliação com os idosos e os reformados é uma palavra que vale a pena puxar por ela agora, porque nós não nos podemos esquecer que Luís Montenegro, a AD, o PSD, o CDS – mas também para sermos justos, aqueles que hoje são os rostos do Chega, da IL – foram os recordistas dos cortes de pensões naqueles tempos sombrios da ‘troika'”, acusou.
Paulo Raimundo salientou que a CDU apresenta uma proposta para aumentar, já em abril, todas as pensões em 7,5%, com um mínimo de 70 euros, uma medida que Luís Montenegro acusou de não ter “qualquer exequibilidade”.
Em contrapartida, o líder social-democrata sublinhou que a AD, no seu programa eleitoral, garante que todos os pensionistas terão um aumento equivalente à inflação e, numa legislatura, quer que o valor de referência do Complemento Solidário para Idosos atinja 820 euros.
Relativamente ao período da ‘troika’, Montenegro assumiu ter tido responsabilidades, mas por ter “contribuído na Assembleia da República para que um Governo devolvesse ao país a autonomia para se poder financiar”, salientando que o memorando de entendimento que previa cortes nas pensões e nos salários foi negociado pelo PS e não pelo PSD.
“Foi criada uma perceção na sociedade portuguesa segundo a qual aqueles que salvaram o país, que reestruturam o financiamento do Estado de modo a que ele pudesse ter os meios para pagar salários e pensões foram os responsáveis por um momento de restrição pelo qual tivemos de passar para promover essa recuperação”, afirmou, garantindo que os pensionistas podem confiar no PSD.
Considerando que as propostas da AD sobre pensões fazem parte de uma “chuva de promessas” típica do período eleitoral, Paulo Raimundo voltou a insistir na tónica da ‘troika’ para defender que a ideia fundamental do programa da AD “é retomar tudo aquilo que foi interrompido em 2015”.
“A AD apresentou o seu programa eleitoral que tem duas linhas fundamentais. As linhas fundamentais de retomar esse processo interrompido em 2015, nomeadamente naquilo que são as parcerias público-privadas, toda a linha das privatizações, de novos caminhos para a TSU [Taxa Social Única]”, criticou.
Depois de ter ouvido o líder comunista salientar que o PCP teve um “papel determinante” para “travar esse processo de destruição do país”, Montenegro considerou que “fica bem” os comunistas assumirem que estiveram ligados à governação do PS, salientando que “de facto têm responsabilidades”.
“O resultado da governação nos últimos anos é completamente antagónico àquele que o Paulo Raimundo aqui quis transmitir. Aquilo que é trágico para Portugal é o que aconteceu nos últimos anos”, disse.
Nos salários, Paulo Raimundo defendeu uma subida de 15% para todos os salários, enquanto Luís Montenegro considerou que, para aumentá-los, “é preciso desbloquear os constrangimentos que tenham impedido que haja maior criação de riqueza”, considerando que um desses obstáculos “é a política fiscal”, e prevendo um crescimento da economia de 3,4% em 2028 caso a AD seja Governo.
Entre as medidas de política fiscal que apresentou, Luís Montenegro defendeu em particular uma redução do IRS da classe média e jovens até aos 35 anos, mas também a isenção de contribuições e impostos em prémios de produtividade.
O secretário-geral do PCP atacou as propostas fiscais da AD, salientando que significam “descida dos impostos para o grande capital e para os grupos económicos” e defendeu que o que é preciso é “descer os impostos no trabalho e no consumo” e aumentar e garantir que “são pagos de forma efetiva os impostos sobre o capital”.
Já no que se refere à localização do novo aeroporto de Lisboa, Paulo Raimundo salientou que o PCP defende que seja construído em Alcochete, e manifestou a esperança de que não seja a Vinci a “decidir pelo país onde é que vai ser o aeroporto”, enquanto Montenegro salientou que está a criar condições para poder definir a localização no início da sua governação.
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