Uma multidão reunida numa praça de Telavive gritou quando ecrãs gigantes mostraram o momento da libertação de quatro mulheres israelitas, após mais de 470 dias em cativeiro na Faixa de Gaza.
Nos últimos meses, a chamada "Praça dos Reféns" tem sido ponto de encontro de centenas de milhares de israelitas que pedem a libertação dos sequestrados no ataque de 7 de outubro de 2023.
Quem são as quatro mulheres libertadas?
As quatro mulheres soldado – Karina Ariev, Daniella Gilboa e Naama Levy, as três com 20 anos, bem como Liri Albag, de 19 – foram entregues a Israel, que em troca entregou ao Hamas 200 prisioneiros palestinianos.
As quatro mulheres soldado foram capturadas no ataque que deu início à guerra. Na ocasião, foram raptadas da base de Nahal Oz, perto da fronteira com Gaza, quando militantes palestinianos a invadiram, matando aí mais de 60 militares.
As mulheres sequestradas serviam numa unidade de vigias encarregadas de monitorizar ameaças ao longo da fronteira.
Quantas pessoas continuam reféns?
A 7 de outubro de 2023, 251 pessoas foram feitas reféns pelo Hamas. Cem foram libertadas numa primeira trégua em novembro do mesmo ano e outras foram recuperadas, vivas ou mortas, em operações dos militares israelitas-
No dia de hoje, pelo meio da multidão, foram vistos cartazes que recordam que a luta deve continuar para que todos os reféns sejam libertados: faltam 87. O Exército israelita acredita que 34 deles estejam mortos, mas o número pode ser maior.
O acordo de cessar-fogo assinado entre Israel e Hamas, que entrou em vigor em 19 de janeiro, prevê a libertação de 33 reféns nas primeiras semanas da trégua, em troca de 1.900 palestinianos detidos em Israel.
Quem são os prisioneiros que Israel libertou?
Da lista de duas centenas de detidos, constam 121 que cumpriam penas perpétuas, segundo uma lista divulgada pelo Hamas. O grupo islamita indicava ainda que, destes, 70 seriam expulsos de Gaza e da Cisjordânia, pelo que chegaram ao Egito.
A maioria dos prisioneiros libertados hoje cumpria penas de prisão perpétua após serem condenados por ataques que envolveram a morte de israelitas.
Quase todos os palestinianos têm amigos ou parentes que foram detidos pelas autoridades israelitas em algum momento, acusados de participar em ataques mortíferos, protestos violentos ou ativismo político.
Os militantes mais notórios que estão a ser libertados incluem Mohammad Odeh, de 52 anos, e Wael Qassim, de 54, ambos de Jerusalém Oriental, acusados de realizar uma série de ataques mortais do Hamas contra israelitas, incluindo um atentado bombista num café na Universidade Hebraica de Jerusalém, em 2002, que matou nove pessoas, incluindo cinco cidadãos norte-americanos.
Houve algum percalço com a troca de prisioneiros?
Desde o início da semana, o Hamas afirma que, segundo os termos do acordo, o Exército israelita deve permitir o passagem de palestinianos do sul da Faixa de Gaza para o norte através do "Corredor de Netzarim", eixo leste-oeste controlado pelo Exército israelita e que divide o território a norte da cidade de Nuseirat.
Mas Israel condiciona o regresso desses deslocados à libertação de uma refém civil, Arbel Yehud, cuja saída do cativeiro estava prevista para este sábado, segundo as autoridades israelitas.
Contudo, tal não aconteceu — mas dois dirigentes palestinianos garantiram à AFP que a mulher está "bem de saúde" e será libertada na próxima troca.
Como é que a não libertação de Arbel Yehud dificulta o cessar-fogo?
Israel acusou o Hamas de violar o acordo de cessar-fogo em Gaza por não dar prioridade à libertação de civis. Arbel Yehud é um dos nomes prioritários nesta lista de reféns.
No entanto, garante a agência de notícias espanhola Efe referindo ter tido acesso aos documentos, nenhuma cláusula menciona esta prioridade.
Arbel Yehud, de dupla nacionalidade israelita e alemã, foi sequestrada com o namorado, Ariel Cunio, da casa onde vivia no kibutz (pequena comunidade autónoma) Nir Oz em 7 de outubro, durante o ataque do Hamas. O irmão de Arbel, Dolev Yehud, acabou por ser morto nesse mesmo dia e seus restos mortais foram identificados em 3 de junho de 2024.
O paradeiro de Arbel Yehud é incerto, podendo estar detida por um grupo ligado à Jihad Islâmica Palestiniana e não pelo Hamas, o que seria um obstáculo à libertação.
*Com agências
Comentários