Carles Puigdemont e todo o governo catalão depositaram hoje de manhã uma coroa de flores no túmulo do antigo presidente da Generalitat (governo catalão) republicana, Lluís Companys, no 77º aniversário da sua morte.
De acordo com o atual presidente, Companys foi vítima “de uma luta muito desigual entre a legitimidade democrática das instituições catalãs e a baixeza do fascismo”, que o condenou à morte “em nome da ordem e legalidade estabelecida” naquele momento.
O presidente catalão advertiu que, longe de “reconhecer por parte do Estado espanhol o tratamento que a figura histórica da Companys merece, o PP [Partido Popular, conservador] continua a vangloriar-se” da sua prisão e execução após um conselho de guerra do regime franquista.
Puigdemont disse que sempre atuará em sentido contrário ao do PP, orientado pelo “respeito forçado” aos opositores políticos e àqueles que pensam de forma diferente, e assegurou que a Catalunha “é um povo que procura” a paz, a liberdade e a preservação de valores democráticos.
“Em tempos difíceis, devemos ter essa atitude bem presente e contra a violência precisamos de civismo, contra os provocadores [precisamos de] serenidade, contra os políticos que caluniam o nosso sistema educacional, a dignidade de nossos professores”, afirmou.
O presidente da Generalitat sublinhou a sua aposta pela “paz, o civismo, a serenidade e a firmeza democrática como inspiradores das decisões” que tem de tomar.
O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, deu na quarta-feira cinco dias ao presidente regional catalão, Carles Puigdemont, para clarificar se declarou ou não a independência na região, na sequência do referendo de 01 de outubro, considerado ilegal.
No seu discurso de terça-feira, Puigdemont disse que assumia o mandato dado pelo povo catalão para que a Catalunha seja um “Estado independente”, mas propôs ao parlamento suspender os efeitos de uma declaração de independência – que nunca referiu explicitamente – por “algumas semanas” para facilitar um diálogo com Madrid.
Caso Puigdemont confirme que declarou a independência da Catalunha, Madrid dar-lhe-á um prazo suplementar — até ao próximo dia 19 — para fazer marcha atrás, antes de recorrer ao artigo 155.º da Constituição, que permite ao Governo espanhol suspender a autonomia da região.
O artigo 155.º da Constituição espanhola, nunca usado desde que o texto fundamental foi escrito e aprovado em 1978, permite a suspensão de uma autonomia e dá ao Governo central poderes para adotar “as medidas necessárias” para repor a legalidade.
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