No final da reunião da bancada do PSD, Rui Rio foi questionado sobre o anúncio de que Nuno Freitas – que os sociais-democratas também querem ouvir no parlamento – iria deixar mais cedo o cargo de presidente da CP, alegadamente devido a problemas burocráticos com as Finanças que dificultam a gestão da empresa.
“Chamaremos os ministros em causa e o administrador da CP para se tentar perceber: uma coisa é haver situações que é preciso diluir entre membros do Governo. Outra coisa é ser feito na praça pública, demonstra uma degradação ao nível do funcionamento no Governo já bastante acentuada quando há um membro do Governo que vem criticar publicamente outro e atribuir-lhe responsabilidade pela demissão de um gestor que considera muito competente”, afirmou.
Por outro lado, Rio disse ser necessário perceber, se o presidente da CP estava “a desempenhar tão bom trabalho”, as razões da sua saída.
“Acima de tudo, o que precisamos é alguém a gerir bem as empresas públicas e logo a CP que tem um passivo enorme”, disse.
Na terça-feira, o ministro das Infraestruturas e da Habitação considerou que a CP perdeu o melhor presidente que “já teve em toda a sua história”.
“Eu conheço as razões do engenheiro Nuno Freitas há muito tempo, não são de agora. É muito difícil gerir uma empresa pública com as regras que nós temos. E é muito difícil pedirmos a um grande gestor, homem sério, de grande capacidade de trabalho e de realização, que fique muito tempo numa empresa que não consegue ter um Plano de Atividades e Orçamento aprovado, que tem uma dívida histórica acumulada gigantesca e que não pode ser saneada, portanto retirando capacidade e autonomia de gestão à empresa, que demora meses para ter uma autorização para comprar umas rodas. É absolutamente compreensível o desalento do presidente da CP”, acrescentou.
Questionado sobre a origem das dificuldades na gestão da CP, Pedro Nuno Santos assegurou que se dependesse dele o problema estava resolvido, mas, pelo que disse, tudo indica que o problema maior poderá estar na demora das respostas à empresa por parte do Ministério das Finanças.
“Se dependesse de mim o problema estava resolvido. Tínhamos um plano Atividades e Orçamento aprovado em tempo, a empresa não esperava meses para conseguir autorização para fazer as compras que são fundamentais para o seu funcionamento, não tínhamos uma dívida histórica, com a dimensão que ela tem, durante tanto tempo sem a resolver”, disse.
O presidente da CP, Nuno Freitas, vai abandonar o cargo no final de setembro, três meses antes do final do mandato, após ter pedido à tutela a antecipação da sua saída, segundo uma comunicação enviada aos trabalhadores a que a Lusa teve acesso.
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