Luís Montenegro disse aos jornalistas, à margem de um almoço com militantes em Évora, não ser do seu agrado a “falta de posição do PSD” relativamente à proposta do OE2020 apresentada pelo Governo do PS.
“O PSD já teve muitas oportunidades” para “verificar que este OE aumenta a carga fiscal, diminui o poder de compra dos portugueses e coloca Portugal num ritmo de crescimento económico que é claramente abaixo daquilo que nós necessitamos e abaixo da grande maioria dos países da União Europeia (UE)”, argumentou.
E, como é “um orçamento que concretiza o programa do Governo”, a propósito do qual o PSD é “frontalmente contra”, Luís Montenegro vincou que “não há nenhuma razão para não anunciar o voto contra” do partido, tal como “já não havia, de resto”, antes de o documento ser conhecido, “apesar de todos os exercícios que queiram fazer de pretensa irresponsabilidade à volta disso”.
“E eu apelo mesmo a que este período de hesitação que se vive hoje na direção política do PSD não se prolongue muito mais porque, senão, qualquer dia, vamos ter as pessoas a especular que o PSD ainda esta à espera de negociar com o PS a viabilização deste orçamento”, alertou.
Um cenário que, a concretizar-se, seria “erro político e estratégico para o país” e que não teria “qualquer interesse subjacente para a vida dos portugueses” e “para o país em geral”, frisou.
Ainda sobre o OE2020, Montenegro insistiu que “é muito longe de ser irresponsável antever aquilo que”, antes de a proposta ser conhecida, “era óbvio para toda a gente”, ou seja, “que este orçamento era contrário às posições políticas do PSD”.
“Portanto, o que é irresponsável é não ver a evidência. Isso é que me parece muito irresponsável”, contrapôs, deixando críticas à atuação da direção do partido, presidida por Rui Rio, um dos outros candidatos às eleições social-democratas de 11 de janeiro.
Para Luís Montenegro, “falta oposição a este Governo e o PSD tem sido demasiado passivo no cumprimento” daquele que é hoje “o seu principal papel por vontade dos portugueses”.
“Ao PSD exige-se mais ação, exige-se mais escrutínio, mais capacidade de cumprir a sua tarefa de oposição e, a partir dela, construir uma alternativa”, defendeu.
Segundo Montenegro, “há uma característica que, infelizmente, se está a evidenciar e que não é boa” no que toca à oposição que o PSD tem feito ao Governo do PS: “O PSD está muito relapso”.
“Está relapso” sobre “o que pensa sobre a votação do orçamento”, em relação ao que “foi uma habilidade de uma decisão do Governo a propósito das parcerias público-privadas” e também “porque está em curso uma petição que pede, com justiça, que se formalize um inquérito parlamentar que possa averiguar o que se passou com o dinheiro que os portugueses, de forma solidária, deram para a reconstrução e recuperação das zonas afetadas pelos incêndios em 2017”, exemplificou.
Sobre a entrevista de Rui Rio à TVI24, na sexta-feira, Montenegro afirmou que não assistiu, mas disse ter visto algumas considerações acerca da mesma e criticou o presidente do partido.
“O meu adversário chama-se António Costa, o meu oponente político chama-se PS. Lamento muito e fico triste que, para o presidente do PSD, o adversário sejam os militantes do PSD e ele esteja constantemente a falar mal dos seus militantes, dos seus dirigentes, daqueles que compõem esta massa humana, este capital humano, esta força viva da democracia portuguesa que se chama PSD”, limitou-se a dizer.
Além de Montenegro e Rio, concorre às eleições diretas do PSD o vice-presidente da Câmara de Cascais, Miguel Pinto Luz.
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