No sábado, em entrevista ao Expresso, o primeiro-ministro, António Costa, considerou “fundamental” um acordo com o PSD para investimentos em obras públicas e apontou como grande prioridade para a ‘rentrée’ a definição da “estratégia nacional para o Portugal pós-2020”, incluindo um novo acordo com a União Europeia para fundos comunitários.
Numa primeira reação, no sábado, o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, afirmou que o regresso da prioridade para investimentos em obras públicas preocupa o partido e é um regresso ao “socratismo”.
Na terça-feira, num artigo publicado na ‘newsletter’ do partido, o PSD acusou o Governo e o primeiro-ministro de omitirem que “já existe consenso técnico” para as prioridades no investimento público, referindo-se ao Plano Estratégico dos Transportes e Infraestruturas (Peti 3+), com um horizonte temporal entre 2014-2020.
Em declarações hoje à Lusa, o porta-voz do PS, João Galamba, rejeitou estas acusações: “O PS e o Governo não escondem nada, o Governo está a executar o plano delineado pelo governo anterior”.
“O que o primeiro-ministro propôs no sábado é que, depois de finalizado este programa e quando se vai iniciar o próximo quadro comunitário de apoio, o país tem de discutir quais os investimentos prioritários pós-2020”, afirmou João Galamba.
Apontando que o próximo quadro europeu vai abranger o período 2021-2027, o deputado socialista classificou como “totalmente incompreensível” a reação do PSD.
“É totalmente incompreensível a reação do PSD: depois de ter sugerido que era errado fazer investimentos em infraestruturas, agora vem dizer que já há um plano, esquecendo-se de dizer que o plano é até 2020”, criticou.
“Não se percebe se o PSD acha que o país só precisa de investimento em infraestrutura entre 2014 e 2020 ou se está apenas desesperado e a fazer demagogia barata com um tema que merece mais cuidado e que deveria ser merecedor de um amplo consenso nacional”, lamentou.
O deputado socialista sublinhou que terá de haver um debate com “todos os partidos e a sociedade civil” para se definirem os investimentos prioritários para o país no período 2021-2027 que devem ser apoiados por fundos europeus.
“Se o PSD quer manter-se à margem desta discussão, o que mostra que prefere demagogia e usar as obras públicas como arma de arremesso político e não entrar e participar num consenso necessário para o desenvolvimento do país”, criticou.
Para João Galamba, “as obras públicas vão ser sempre necessárias em Portugal e em qualquer outro país e elas devem ser debatidas, estruturadas, planificadas”.
“O PSD parece ter entendido isso entre 2014 e 2020, mas agora parece querer manter-se à margem deste debate. O debate terá de acontecer com ou sem a participação do PSD, se acontecer sem a participação do PSD é por exclusiva responsabilidade do próprio partido”, acusou.
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