Logo nas primeiras horas os agricultores começaram a mobilizar-se e o resultado foi o corte de importantes vias ao longo do dia, como as autoestradas 25 (no distrito da Guarda), 6 (no distrito de Portalegre) e o Itinerário Complementar (IC) 1 (distrito de Setúbal).
A Guarda Nacional Republicana (GNR) indicava, durante a tarde, o corte de um total de 15 estradas, num acompanhamento da situação que obrigou esta força policial a reforçar a transmissão de informações na plataforma de tráfego Waze e nas redes sociais, para garantir a segurança de manifestantes e restantes cidadãos.
Os protestos assumiram variadas formas, sendo uma iniciativa do Movimento Civil de Agricultores, que se apresenta como espontâneo e apartidário, replicando manifestações em outros pontos da Europa.
Junto à fronteira do Caia, em Elvas, no distrito de Portalegre, os agricultores que bloquearam a A6 permitiram a passagem de veículos prioritários, como o caso de carros com grávidas, crianças ou doentes, e 10 camiões de hora a hora, num protesto que começou a ser desmobilizado após a garantia de que vão receber, até final do mês, os apoios que tinham sido retirados.
Na fronteira de Vila Verde de Ficalho, no concelho de Serpa (Beja), os agricultores almoçaram bifanas de porco preto no pão, feitas num grelhador montado a alguns metros dos tratores que cortavam a Estrada Nacional 260 (EN260), sendo que faziam ainda parte da ‘bucha’ linguiças assadas ‘na hora’, torresmos e vinho, cervejas, água e sumos.
Agricultores do Ribatejo e Oeste concentraram-se na Ponte da Chamusca, realizando ainda uma breve arruada junto a um acesso da Autoestrada 23 (A23), sem provocar o corte da via, tendo começado a desmobilizar pelas 20:00.
O trânsito automóvel foi restabelecido desde as 21:00 no IC1, na zona da Mimosa, concelho de Santiago do Cacém (Setúbal), após a desmobilização dos agricultores que cortaram a via.
A A25 foi uma das vias afetadas, onde os agricultores se concentraram junto ao Alto de Leomil, bloqueando a circulação na autoestrada desde as 06:15 entre o nó de Pínzio, no concelho de Pinhel, e Vilar Formoso, concelho de Almeida.
Os agricultores também estiveram a condicionar o acesso a Espanha pela fronteira da Bemposta, em Mogadouro, no distrito de Bragança, situação que ficou normalizada ao final da tarde.
Ainda a Norte, o protesto fez-se com duas marchas lentas na aldeia fronteiriça de Vila Verde da Raia, Chaves e em Salto, Montalegre, até ao limite do concelho e do distrito de Vila Real com Braga.
Em sentido contrário à desmobilização, os agricultores que estiveram em manifestação em Coimbra vão manter-se em protesto, à espera de respostas positivas da tutela ao caderno reivindicativo apresentado à tarde na Direção Regional de Agricultura do Centro.
Mais de 400 tratores e máquinas agrícolas começaram a entrar na cidade de Coimbra às 14:00, no seguimento de uma marcha lenta pela Estrada Nacional (EN) 111 que começou em Montemor-o-Velho e, às 18:15, os manifestantes cortaram parcialmente a avenida Fernão de Magalhães, para não impedir a circulação dos veículos de emergência médica e de socorro.
Perante a paralisação e promessa de manter o protesto, o Governo adiantou à Lusa que a maior parte das medidas do pacote de apoio aos agricultores portugueses, que foi anunciado esta quarta-feira, com mais de 400 milhões de euros de dotação, entra em vigor ainda este mês, com exceção das que estão dependentes de 'luz verde' de Bruxelas.
Na quarta-feira, o Governo avançou com um pacote de ajuda aos agricultores, destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), que não travou os protestos de hoje.
No contexto europeu, a Comissão Europeia vai preparar com a presidência semestral belga do Conselho da UE uma proposta para a redução de encargos administrativos dos agricultores, que será debatida pelos ministros da Agricultura dos 27 Estados-membros do bloco europeu no próximo dia 26 de fevereiro.
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