
"A saúde é um direito" ou "Aos decisores falta-lhes vergonha e aos utentes faltam transportes", bem como "Não brinquem com os utentes" eram algumas das frases dos cartazes e faixas que marcaram o protesto.
Em declarações aos jornalistas, Francisco Teixeira, do Movimento de Utentes dos Serviços Públicos (MUSP), referiu que "já foram apresentadas queixas por causa da transferência de valências" e disse "ser necessários questionar os responsáveis do setor sobre se em Vilar de Andorinho há capacidade para acolher utentes de todo o concelho".
Em causa está a passagem da Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) e do Serviço de Atendimento a Situações Urgentes (SASU) do Centro de Saúde Soares dos Reis para a nova unidade de Vilar de Andorinho inaugurada a 01 de outubro.
De acordo com o MUSP esta mudança está a provocar "situações dramáticas" porque, disse Francisco Teixeira, "a partir das 20:00 horas não há transportes para Vila de Andorinho e mesmo antes as pessoas mais idosas, com mobilidade reduzida ou com dificuldades financeiras têm dificuldade".
"E também existe a questão de que a unidade nova até pode ser muito boa e com todo o conforto e qualidade, mas terá capacidade para tantos utentes? Com a passagem do SASU para lá, para instalações que desde aqui [referindo-se ao centro de saúde que fica próximo do jardim Soares dos Reis, a cerca de cinco minutos a pé da Avenida da República] ficam depois do hospital, já se prevê que as pessoas nem pensem duas vezes e prefiram ir ao hospital, podendo causar entupimento das urgências", argumentou o responsável do MUSP.
Francisco Teixeira defendeu que "esta transferência de valências poderá significar, a médio prazo, o encerramento total da unidade de Soares dos Reis", acrescentando que "há muitos utentes com medo de perder o médico de família".
Na terça-feira, dia em que foi marcada esta concentração, em resposta à agência Lusa, a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte) garantiu que o centro de saúde de Soares dos Reis não vai encerrar, apontando que isso seria "impensável face à importância que tem para os gaienses".
A estrutura que representa a tutela admitiu, no entanto, que a UCSP que funcionava neste centro de saúde "passou para as novas instalações da Unidade de Saúde de Vilar de Andorinho e, com esta mudança, os utentes aí inscritos e acompanhados".
"Mesmo assim, estes utentes foram contactados no sentido de se pronunciarem sobre o interesse da sua passagem, ou não, para as novas instalações. Caso não tenham manifestado essa vontade, no início do ano passam a integrar as listas de utentes pertencentes às duas USF, que vão continuar em Soares dos Reis, desta feita com instalações mais espaçosas", lia-se na resposta.
A ARS-Norte garantiu, ainda, que "nesta fase de transição (até o início do próximo ano) os utentes poderão ser atendidos no regime de consulta a utentes em situação esporádica nas USF que vão permanecer em Soares dos Reis e, no seu domicílio, para os doentes mais vulneráveis".
Hoje, durante o protesto, começou a circular um abaixo-assinado, no qual os utentes pedem, lê-se no documento, "a correção a correção do grave problema criado com o encerramento do SASU e da UCSP de Soares dos Reis", apontando que a unidade de Vilar de Andorinho fica num local "de difícil acesso e sem transportes públicos adequados".
O abaixo-assinado será enviado, disseram à Lusa os promotores da iniciativa, à Junta de Freguesia e Câmara Municipal locais, bem como à Assembleia da República, Grupos Parlamentares, primeiro-ministro e ministro da Saúde.
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