“Está descartada a possibilidade desse português ser efetivamente o pai dessas crianças. Ele efetivamente fez um registo falso perante o cartório”, afirmou, em conferência de imprensa, a coordenadora do Grupo de Repressão a Crimes Contra os Direitos Humanos da PF em Campinas, Estela Beraquet Costa.
As autoridades brasileiras estão em contacto com as autoridades portuguesas e estão a “agir rapidamente” para buscar “a criança que se encontra possivelmente em Portugal, na cidade do Porto”, detalhou a delegada da Polícia Federal brasileira.
A investigação teve início no dia 30 de novembro após uma denúncia junto do Ministério Público brasileiro de que um bebé recém-nascido na cidade de Valinhos, no estado de São Paulo, e que ainda se encontra no hospital Santa Casa de Valinhos, tinha sido abandonado pela mãe e registado como filho do homem de nacionalidade portuguesa.
Em menos de um mês, o mesmo homem tinha registado outra recém-nascida, no mesmo hospital, como sua filha, estando esta alegadamente em Portugal.
O português fez quatro viagens entre Brasil e Portugal, em 2015, 2021 e 2023, duas delas este ano.
“Foi na última saída do território nacional, em 24/10/2023, que o investigado levou uma recém-nascida para Portugal, com menos de um mês de vida, e, agora, retornou para o Brasil sem ela, possivelmente para buscar este outro bebé”, indicou a Polícia Federal brasileira.
Estela Beraquet Costa detalhou que o português, durante o interrogatório de hoje, afirmou que gostaria de ficar com as crianças, que queria adotar em Portugal e não conseguiu, e, por isso, “buscou outro caminho”.
“Isso não é adoção, isso é tráfico internacional de crianças”, frisou a delegada da PF, detalhando que as mães ainda não foram localizadas, mas que uma é oriunda do Pará (estado no norte do Brasil) e outra da cidade de São Paulo.
O cidadão português utilizou documentos falsos para conseguir a paternidade dos recém-nascidos, disse a PF, acrescentando que estão ainda a ser investigados um intermediário, as mães e os advogados das mães, “que formalizaram a guarda unilateral” para permitir que o cidadão português pudesse sair com as crianças.
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