Devido ao surto de covid-19, Espanha decidiu que os viajantes — sejam cidadãos nacionais ou estrangeiros — que cheguem ao país terão de fazer uma quarentena obrigatória de 14 dias. A medida, que entrou em vigor a 15 de maio, está a ser vista como um entrave aos emigrantes portugueses que se deslocam de carro.
Para contornar a questão, Portugal e Espanha estão a negociar a criação de um corredor para que os portugueses não tenham de cumprir a quarentena exigida pelo país vizinho.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, anunciou à TSF que estão em curso conversações entre os dois países para "assegurar um corredor rodoviário através do qual os emigrantes portugueses que se desloquem de carro de França ou de outros países europeus para Portugal possam fazê-lo sem estar sujeitos a quarentena".
Assim, a ideia é que "as pessoas possam fazer o trajeto sem pernoita em Espanha, beneficiando apenas das áreas de descanso e de serviço nas autoestradas", explicou.
Além disso, Santos Silva confirmou ainda que estão a ser negociados corredores turísticos bilaterais com o Reino Unido, informação avançada esta manhã pelo Jornal de Notícias.
A medida surge na sequência da imposição de um isolamento obrigatório de 14 dias aos viajantes que chegam do exterior para impedir a propagação do novo coronavírus no território. A medida, tal como a decisão de Espanha, pode ser um entrave às deslocações para Portugal, neste caso de turistas.
O ministro referiu, contudo, que as negociações ainda estão numa "fase preliminar, visto que o Reino Unido iniciou ontem quarentena obrigatória".
Segundo os jornais britânicos, Londres pode vir a criar corredores com países onde o novo coronavírus não tem tanta incidência, como Portugal, Grécia, Austrália e Nova Zelândia, alguns dos destinos dos turistas britânicos.
“Queremos que os nossos emigrantes gozem o seu verão em Portugal”
Na sexta-feira, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, admitiu também que o Governo vai ponderar mudanças ao encerramento das fronteiras para que os emigrantes possam deslocar-se a Portugal no verão.
Eduardo Cabrita admitiu que o país, neste momento, está numa nova fase: "Estamos numa fase em que vamos gradualmente começar a encarar o aligeiramento dos controlos fronteiriços".
"Neste momento, as fronteiras internas e externas estão sob controlo até 15 de junho, mas vamos começar a ponderar a alteração deste quadro, quer nas fronteiras aéreas, quer nas fronteiras terrestres, estabelecendo, designadamente, mecanismos de circulação que permitam aos nossos emigrantes, que queremos que gozem o seu verão em Portugal, a circulação durante os próximos meses de julho e agosto", rematou.
"Há uma dimensão, que é uma dimensão europeia. Para nós, a prioridade é a circulação dos nossos cidadãos que possam, vindos do resto da Europa, de França, da Suíça, da Alemanha, com certeza, vir passar o seu verão a Portugal, voltando às suas terras e promovendo também aquilo que é a dimensão de animação da economia local", disse ainda Eduardo Cabrita.
Sobre o assunto, o ministro referiu: "Com preocupações de salvaguarda de distanciamento físico, utilizando regras de etiqueta respiratória e de higiene no uso das instalações, mas os resultados positivos que temos vindo a consolidar permitem-nos olhar para um verão com emigrantes em Portugal".
O ministro disse também que o país tem de "consolidar" os resultados positivos registados mas, também, "gradualmente permitir condições que permitam aos portugueses vir até Portugal", de acordo com a estratégia definida pela Comissão Europeia.
Disse ainda esperar que essa estratégica possa permitir "um gradual alargamento das possibilidades de circulação", em primeiro lugar nas fronteiras internas (aéreas e terrestres) dentro da União Europeia e, numa segunda fase, de fronteiras para fora da União Europeia.
O controlo das fronteiras terrestres com Espanha está a ser feito desde as 23:00 do dia 16 de março em nove pontos de passagem autorizada, devido à pandemia da covid-19.
Os pontos de fronteira em funcionamento são Valença-Tuy, Vila Verde da Raia-Verín, Quintanilha-San Vitero, Vilar Formoso-Fuentes de Oñoro, Termas de Monfortinho-Cilleros, Marvão-Valência de Alcântara, Caia-Badajoz, Vila Verde de Ficalho-Rosal de la Frontera e Castro Marim-Ayamonte.
No âmbito do controlo das fronteiras, estão impedidas as deslocações turísticas e de lazer entre os dois países, sendo apenas permitida circulação de transportes de mercadorias e de trabalhadores transfronteiriços.
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