“Só a evolução dos próximos anos permitirá determinar se ainda podemos salvar o gelo marinho do ártico presente durante todo o ano, graças a uma proteção coerente do clima, ou se já ultrapassámos este importante ponto de inflexão do sistema climático”, disse Markus Rex, um dos principais especialistas no estudo do Ártico, durante uma conferência de imprensa com a ministra alemã da Educação e Investigação, Anja Karliczek.
“O desaparecimento da camada de gelo no Ártico é uma das primeiras minas num campo de minas, um dos pontos de inflexão que acionamos quando levamos o aquecimento longe demais”, disse, citado por agências internacionais, Markus Rex, que liderou uma missão internacional que esteve um ano no Ártico, até outubro de 2020.
“Podemos realmente perguntar se ainda não pisamos esta mina e já provocámos o início da explosão do campo de minas”, insistiu o climatologista e físico.
Se este ponto de inflexão já foi atingido, poderá desencadear efeitos nefastos “em cascata”, advertiu, chamando a atenção para o risco de “desaparecimento da calote glaciar da Gronelândia ou do degelo de zonas cada vez maiores do Ártico”.
No regresso do navio quebra-gelo Polarstern ao porto de Bremerhaven, na Alemanha, em 12 de outubro, o chefe da missão internacional ‘MOSAIC’ havia já lançado um grito de alerta sobre a camada de gelo, afirmando que derretia a “uma velocidade dramática”.
Durante mais de um ano, as equipas internacionais recolheram dados exaustivos, em particular durante os meses em que o navio flutuou entre o gelo no Polo Norte, que devem fornecer informações valiosas sobre as alterações climáticas.
O recuo da camada de gelo do ártico é considerado pelos cientistas o “epicentro do aquecimento global”, segundo Markus Rex.
Durante 389 dias, a missão estudou alternadamente a atmosfera, o oceano, a camada de gelo e o ecossistema do ártico, para recolher dados e avaliar o impacto das alterações climáticas na região e no mundo inteiro.
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