Cerca de 29 milhões de eleitores são chamados às urnas para um escrutínio dominado por dois candidatos: o autarca de Varsóvia, Rafal Trzaskowski, apoiado pelo principal partido da atual coligação governamental e à frente nas sondagens, e o historiador Karol Nawrocki, que recebe o apoio dos nacionalistas conservadores, do mesmo espaço político do chefe de Estado cessante.

As eleições presidenciais na Polónia decorrem sob pano de fundo da guerra na vizinha Ucrânia, a ameaça russa, mas também da incerteza sobre o compromisso dos Estados Unidos com a NATO e ainda a pressão migratória nas fronteiras.

As urnas abriram às 07h00 (06h00 em Lisboa) e encerram às 21h00 (20h00) e só haverá vencedor à primeira volta se um dos candidatos ultrapassar os 50% dos votos.

Como foi a campanha?

A campanha foi dominada em grande parte por questões de política internacional e sobre o espaço que Varsóvia deve ocupar entre a União Europeia (UE) e os Estados Unidos, cuja aliança parece cada vez mais turbulenta no segundo mandato de Donald Trump.

"Foi uma espécie de campanha identitária, com questões vinculadas à Ucrânia, as relações com a União Europeia, a migração e os Estados Unidos", disse à AFP Marcin Zaborowski, do centro de estudos Globsec.

Desde o regresso ao poder do primeiro-ministro Donald Tusk em 2023, a Polónia aproximou a sua postura de Bruxelas e deixou para trás os anos de tensões e disputas do anterior governo nacionalista.

Agora, o quinto país mais populoso da UE é um ator de peso dentro do bloco e um fator crucial no flanco anti-Rússia, como demonstrou a visita de Tusk a Kiev ao lado dos governantes de França, Alemanha e Reino Unido na semana passada.

Quais as hipóteses para o futuro?

Uma vitória do autarca da capital, de 53 anos, pode revigorar a coligação de centro-direita liberal que assumiu o poder em 2023 no país, também crucial no flanco leste da NATO.

Um eventual triunfo de Nawrocki, de 42 anos, manteria as divergências entre a presidência e o governo, que deixa a ação política virtualmente paralisada.

O principal desafio das eleições é "desbloquear a eficácia e a capacidade de tomar decisões do governo que continuam travadas pelo presidente" Duda, aliado da oposição nacionalista, declarou Zaborowski.

Segundo a Constituição, o presidente dispõe de poderes limitados, mas tem direito de veto sobre as iniciativas legislativas e Duda não hesitou em utilizar a prerrogativa.

O cenário provocou o não cumprimento ou a concretização apenas parcial de algumas promessas da coligação de governo, em particular as que envolvem os direitos das mulheres e o aborto, praticamente proibido na Polónia.

"Com Nawrocki, o governo ficaria, na prática, paralisado e isso poderia levar à queda da coligação no poder e ao regresso dos populistas", disse a cientista política Anna Materska-Sosnowska.

Por isso, esta eleição é "fundamental" não apenas para a Polónia, "mas também para as tentativas de frear a tendência antidemocrática, populista, que atravessa a Europa".

*Com agências