Um mês depois das eleições legislativas ganhas pelo partido no poder, Sonho Georgiano, com a oposição a denunciar várias irregularidades, milhares de pessoas concentraram-se em Tbilisi e em outras cidades do país.

Na capital, os manifestantes bloquearam a circulação à frente do Parlamento e da sede do Sonho Georgiano, agitando bandeiras da UE e da Geórgia.

Depois da meia-noite (hora local), a polícia antimotim disparou granadas de gás lacrimogéneo contra os manifestantes, constataram jornalistas da agência de notícias France-Presse no local.

Agentes encapuzados dispararam balas de borracha e agrediram manifestantes, que ergueram barricadas às quais lançaram fogo, e também jornalistas.

Os meios de comunicação locais noticiaram várias detenções.

A Presidente georgiana, Salomé Zurabichvili, em rutura com o Governo, manifestou apoio, numa mensagem difundida na rede social X, aos “‘media’ georgianos que são alvo de maneira desproporcionada e atacados em trabalho”

A Geórgia atravessa um período de crise política desde a vitória contestada do Sonho Georgiano nas legislativas de outubro.

“O Sonho Georgiano não venceu as eleições, organizou um golpe de Estado. Não há Parlamento ou Governo legítimos na Geórgia”, afirmou Chota Sabachvili, um manifestante de 20 anos.

“Não deixaremos este primeiro-ministro autoproclamado destruir o nosso futuro europeu”, acrescentou.

Na quinta-feira, o Parlamento Europeu (PE) adotou uma resolução em que rejeitou os resultados das eleições georgianas, denunciando “irregularidades significativas”.

No texto é exigida a organização de um novo escrutínio no prazo de um ano sob supervisão internacional, bem como o estabelecimento de sanções para responsáveis georgianos, incluindo o primeiro-ministro, Irakli Kobakhidze.

Em resposta, Kobakhidze, em funções desde fevereiro e confirmado na quinta-feira pelos deputados, acusou o PE e “certos políticos europeus” de chantagem.

“Decidimos não admitir na ordem do dia a questão da adesão à UE antes do final de 2028”, anunciou.

No entanto, comprometeu-se a continuar as reformas necessárias, garantindo que “até 2028, a Geórgia estará mais bem preparada que qualquer outro país candidato à abertura de negociações de adesão com Bruxelas e a tornar-se num Estado-membro em 2030”.

Antiga república soviética, a Geórgia obteve oficialmente o estatuto de candidato à adesão em dezembro de 2023, mas Bruxelas suspendeu o processo e acusou o Governo do Sonho Georgiano de grave recuo democrático.

A Presidente, com poderes limitados, declarou o novo Parlamento inconstitucional, e espera uma resposta ao pedido que fez de anulação dos resultados eleitorais junto do Tribunal Constitucional.