Num encontro com jornalistas, a plataforma, composta por sete sindicatos da Polícia de Segurança Pública e quatro associações da Guarda Nacional Republicana, deu conta de que tem um enquadramento legal e que as suas “linhas vermelhas” de atuação “estão definidas", mas que há polícias a tomar decisões que “extravasam” esta estrutura.
O porta-voz da plataforma, Bruno Pereira, que é também presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia (SNOP), afirmou que tem apelado aos polícias para que os protestos decorram com normalidade, frisando que em quase cinco semanas não existiu “um desvio e um comportamento que fosse merecedor de censura”, como foi o caso das duas “maiores manifestações de sempre”.
“Continuarei a apelar para que os meus polícias não percam exatamente o norte, mas consciente de que, ainda assim, a apatia, omissão e desrespeito tem sido demonstrado, possa alimentar exatamente a influência viral e contagiante de movimentos inorgânicos”, sublinhou.
O oficial da PSP sustentou que a plataforma tem também dito ao Governo que, “perpetuando exatamente esta indecisão, possa constituir-se como algo incendiário” e que possa “extravasar linhas vermelhas”.
Questionado se estes movimentos inorgânicos podem ser orquestrados pela extrema-direita, respondeu: “Podem ser orquestrados pela extrema-direita, como poderão sê-lo pela extrema-esquerda ou qualquer outro movimento com ideário associativo, clubístico ou de outra ordem que possa influenciar negativamente”.
“A apatia e passividade do Governo pode alimentar exatamente a influência, capacidade de penetração destes movimentos inorgânicos não só nos polícias, como noutros setores da sociedade”, disse.
Sobre as declarações do ministro da Administração Interna, que anunciou no fim de semana que vai participar ao Ministério Público todos os novos indícios de incitamento à insubordinação, a sua prática e eventual ligação a movimentos extremistas, praticados pelas forças policiais, Bruno Pereira disse que “não caíram nada bem” e classificou de “um tanto ou quanto virulentas”.
Para o porta-voz da plataforma, o ministro ao acusar pessoas de comportamentos antidemocráticos e extremistas sem primeiro sustentar isso em factos está a criar “ideias completamente especulativas”.
Os elementos da PSP e da GNR têm protagonizado protestos vários para exigir um suplemento idêntico ao atribuído à Polícia Judiciária.
A contestação começou há mais de quatro semanas na sequência da iniciativa do agente Pedro Costa, que depois se alargou a todo o país.
A maioria dos protestos tem sido convocada através das redes sociais, nomeadamente ‘WhatsApp’ e ‘Telegram’, tendo surgido recentemente um movimento inorgânico chamado ‘movimento inop’ que não tem intervenção dos sindicatos, apesar de existir a plataforma, criada para exigir a revisão dos suplementos remuneratórios nas forças de segurança.
Nos últimos dias vários polícias da PSP e militares da GNR apresentaram baixas, apesar de a plataforma não assumir que sejam uma forma de protesto.
Entretanto, o ministro da Administração Interna determinou a abertura de um inquérito urgente à Inspeção Geral da Administração Interna sobre as generalizadas e súbitas baixas médicas apresentadas por polícias.
Comentários