O projeto começou em cinco freguesias de Lisboa, mas estendeu-se rapidamente pela cidade e até Cascais e Oeiras e, desde há uns meses, conta também com alguns serviços no Porto, em Matosinhos, na Maia, em Paredes, em Valongo e em Aveiro, diz à Lusa Elena Durán, fundadora do “55+”.
“Começou em 2018, depois de me ter despedido de onde trabalhava […], porque tinha realmente este bichinho de que era preciso uma nova solução, uma nova alternativa para pessoas com mais de 55 anos que ficam numa situação de inatividade pelo desemprego, pela reforma”, conta.
Numa altura em que já muito se falava do “envelhecimento da população” e dos “problemas da solidão e do isolamento”, Elena Durán constatou que, apesar de as soluções existentes serem “muito boas”, faltavam “algumas complementares” que dessem “uma resposta inovadora” às pessoas desta faixa etária.
Hoje em dia, as pessoas com mais de 55 anos “têm outro tipo de interesses, vivem mais tempo e têm mais saúde durante mais tempo”, justifica, considerando que a plataforma abre uma oportunidade para as cerca de “dois milhões e meio de pessoas” inativas em Portugal com mais de 55 anos “se manterem ativas, reconhecidas, valorizadas”.
Afirmando querer “dar a volta” ao pensamento de que quem vai para a reforma já contribuiu o que tinha de contribuir, Elena Durán quer usar o “55+” para demonstrar que estas pessoas “são muito válidas com a experiência que têm”.
Os serviços realizados procuram unir “duas realidades” que observa: “pessoas com mais de 55 anos que têm muito tempo e experiência que gostavam de colocar ao serviço da comunidade” e, na mesma comunidade, um “grupo de pessoas sem tempo e que, com a dinâmica do dia a dia, com o trabalho, as famílias, não têm forma de dar resposta às tarefas” diárias.
As tarefas realizadas são de “apoio diário”, explica, desde “comida ao domicílio”, “jardinagem” e “reparações em casa” a cuidar de bebés ou animais e acompanhar pessoas idosas ao médico ou nas refeições.
O projeto também proporciona “aulas de instrumentos musicais ou de línguas”.
A pandemia de covid-19 “cortou em muito o ritmo” dos serviços, conta a fundadora, sendo que apenas “alguns se mantiveram”, seguindo as recomendações da Direção-Geral de Saúde (DGS).
Os “acordos ou parcerias com empresas de alojamento local” para turistas, que podiam usufruir de uma “experiência gastronómica tipicamente portuguesa” feita por estas pessoas quando chegavam a casa cansados ou não havia restaurantes, também ficaram “paradíssimos” e “ainda não voltaram a acontecer”, assinala.
Ainda assim, Elena Durán realça que “fez-se 15% mais [serviços] do que no primeiro ano”, em 2019.
O “55+” tem agora “mais de 1900” pessoas inscritas e procura ajuda para “poder escalar” para outros territórios do país.
Para isso, Elena Durán candidata o projeto anualmente “aos fundos sociais” europeus, através do instrumento “Parcerias para o Impacto”, que é gerido pelo Portugal Inovação Social.
Assim, o Fundo Social Europeu – através do Portugal 2020 – financia 70% das despesas e parceiros como a Fundação Aga Khan Portugal e a Fundação Millennium BCP, que servem como investidores sociais, garantem os restantes 30%.
A plataforma “55+” foi um dos 20 projetos escolhidos pela delegação portuguesa dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu para serem apresentados durante a Cimeira Social, que decorreu em maio, no Porto, no âmbito da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia (UE).
Por: Joana Gomes da agência Lusa
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