“Para o PCP, a nacionalização definitiva da Efacec, resolvendo os problemas de tesouraria, garantindo os direitos dos trabalhadores, é a solução que se impõe e pela qual nos vamos bater”, garantiu Jerónimo de Sousa, no comício "Nem um direito a menos. Confiança e luta por uma vida melhor", que decorreu hoje à tarde na Praça D. João I, no Porto, e onde leu um discurso de sete páginas.
Para o secretário-geral do PCP, a decisão do Governo, de avançar com a nacionalização de um “empresa estratégica para o país e para esta região norte”, e posterior reprivatização, “não responde aos interesses nacionais”.
“O PCP não pode estar de acordo que sejam mobilizados agora milhões de euros de recursos públicos para responder às pressões e exigências dos credores, sobretudo da banca, para mais adiante a voltar a entregar nas mãos do grande capital”, referiu.
Jerónimo de Sousa alertou para o futuro, marcado pela perspetiva de uma “recessão económica profunda”, pela “ameaça de encerramento de milhares de micro, pequenas e médias empresas”, pelo “disparar do desemprego” e pela “perda de salário por parte de centenas de milhar de trabalhadores”.
Essa perspetiva, disse, exige “uma outra política, em rutura com aquela que vingou no país ano após ano nas últimas décadas”.
“Portugal precisa de novas soluções para dar resposta aos atrasos acumulados por anos de política de direita. Precisa de soluções para garantir o pleno emprego. Soluções para reduzir as acentuadas desigualdades e injustiças sociais. Soluções que passam por assumir, como uma questão decisiva para o país, a necessidade de valorizar salários e direitos dos trabalhadores. O aumento geral dos salários, incluindo o Salário Mínimo Nacional. (…). Sim, é preciso desde já afirmar que a principal e mais importante condição para a retoma económica é a da defesa do tecido económico e a da garantia e valorização dos salários, pensões e da justa remuneração do trabalho e atividades do povo”.
O Conselho de Ministros aprovou na quinta-feira passada o decreto-lei para nacionalizar 71,73% do capital social da Efacec, uma empresa nacional que “constitui uma referência internacional em setores vitais para a economia portuguesa”.
O processo decorre da saída de Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos do capital da Efacec, na sequência do envolvimento do seu nome no caso 'Luanda Leaks', no qual o Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação revelou, em 19 de janeiro passado, mais de 715 mil ficheiros que detalham alegados esquemas financeiros da empresária e do marido que lhes terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano, através de paraísos fiscais.
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