Três anos após a assinatura da posição conjunta que fez cair o Governo PSD/CDS-PP, em entrevista à Lusa, o deputado comunista António Filipe defendeu a necessidade de "reforço" eleitoral da CDU (coligação com "Os Verdes") em 2019 e sublinhou o "compromisso" do PCP para aproveitar todas as "oportunidades", em quaisquer "circunstâncias" e legislaturas, para a "defesa dos direitos do povo português".
"É um balanço francamente positivo porque, de facto, a posição que o PCP tomou, após as eleições de outubro de 2015, foi decisiva para conseguir travar o processo de empobrecimento que estava em curso. Um processo de uma austeridade que trouxe consequências muito pesadas para os portugueses, com cortes de subsídios, feriados, salários pensões, e era para continuar, caso PSD e CDS tivessem continuado no poder", afirmou.
O deputado comunista frisou que "valeu a pena" porque "os subsídios voltaram a ser pagos", "foram travados os cortes", com "grande insistência do PCP", houve três aumentos sucessivos das pensões.
No entanto, admitiu que "não se foi tão longe quanto se poderia ter ido em matéria de reposição de direitos e avanços", sobretudo pela "opção do PS de manter o país amarrado às imposições de Bruxelas", nomeadamente com os "limites impostos ao défice e não insistência na necessidade de renegociação da dívida que é um garrote sobre a economia portuguesa".
"São opções de fundo do PS que limitam de forma grave as possibilidades da atual solução política. Em todo o caso, consideramos que valeu a pena. O PCP tem sempre dito que não perde nenhuma oportunidade para melhorar a vida dos portugueses e de facto houve aspetos em que foi significativamente melhorada nestes três anos", continuou.
Em relação ao futuro, tendo em vista as eleições legislativas de 2019, o parlamentar do PCP destacou a "posição de fundo" dos comunistas: "o que nos norteia é um compromisso com o povo português, que será sempre mantido, sejam quais forem as circunstâncias que se abram em futuras legislaturas".
"O PCP sempre o admitiu. Sempre dissemos, pela nossa parte, a nossa palavra bastaria, portanto, nem sequer, para nós, nunca houve qualquer necessidade de um qualquer documento escrito. Os compromissos que o PCP assume são claros e sempre para assumir, portanto é essa a posição que iremos manter", disse, em relação à possibilidade de continuar a trabalhar em conjunto com o PS ou outras forças políticas sob a mesma fórmula ou outras.
António Filipe vincou que "aquilo que se conseguiu nesta legislatura não teria sido possível caso o PS tivesse uma maioria absoluta como já teve no passado".
"Aquilo que dizemos aos portugueses é que quanto mais força tiver o PCP e a CDU, na Assembleia da República, melhores são as possibilidades de se avançar. É isso que consideramos decisivo, é o nosso objetivo para as próximas eleições legislativas é que haja um reforço das posições do PCP que permitam que haja mais avanços no futuro do que houve nesta legislatura", desejou.
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